O Coletivo de dança CIDA (RN), formado por artistas emergentes, pluriétnicos, com e sem deficiências, estreia oficialmente o novo trabalho “Corpos Turvos” no Festival Funarte Acessibilidança na próxima sexta-feira 22. A exibição acontece em formato online, às 20h, de forma gratuita através do canal da Funarte no YouTube.
O Festival Acessibilidança Virtual, da Fundação Nacional de Artes, foi criado a partir das ações do Edital Dança Acessível e conta com a participação de artistas de todas as regiões do país.
“A apresentação de ‘Corpos Turvos’ no festival, para nós, é sinônimo de reconhecimento, de trabalho bem feito. Estamos, mais uma vez, em meio a grandes artistas pensadores da dança que relacionam as diferenças em seu modo de fazer, profissionais que sem dúvida foram em algum momento referências para nossos percursos para com a dança e a acessibilidade”, comentou René Loui, um dos integrantes do Coletivo CIDA e coreógrafo de “Corpos Turvos”.
“E não para por aí! Tivemos outra grande premiação, o Edital Funarte Circulação das Artes – Edição Centro-Oeste! Sinto que nossa dança alça novos e mais desafiadores voos. Nosso percurso enquanto coletivo tem se ampliado a cada nova realização”, completou o artista.
Com concepção, direção coreográfica e artística de René Loui (MG/RN), interlocução dramatúrgica e coreográfica de Jussara Belchior (SC), direção de vídeo de Gustavo Guedes, direção de fotografia de Pedro Medeiros (Brasil/Tailândia), trilha sonora de Fabian Avilla Elizalde (México) e participação sonora de Katharina Vogt (Alemanha), “Corpos Turvos” foi desenvolvido em meio à pandemia de Covid-19.
O espetáculo foi pensado coreograficamente de modo a não excluir a pessoa com deficiência. A obra problematiza pela linguagem da dança os padrões de invisibilização de corpos pretos, pobres, periféricos, soropositivos, corpos pertencentes à ampla comunidade LGBTQIAP+ e ainda corpos com alguma deficiência. É também uma urgência da sobrevivência, é um pedido por empatia, é um grito de socorro para que esses corpos deixem de ser números.
“Pensar nessa dança para todos os corpos é questionar a norma. Como artistas temos que inventar estratégias para quebrar os padrões de corpo, beleza e comportamento que são tão limitadores, tanto na dança, quanto no nosso cotidiano. Por mais que estejamos questionando um lugar nosso na dança e inventando e ocupando os lugares para quem não tem um corpo padrão, esse embate não é só para a arte, é realmente para organizar uma estrutura social excludente e opressora e criar outros possíveis”, disse Jussara Belchior.
“Corpos Turvos’’ teve pesquisa iniciada no ano de 2019, a partir da residência artística na Odisha Biennale, na Índia, tendo se concretizado como obra audiovisual de dança desenvolvida entre o Coletivo CIDA, a Ilha Deserta Filmes e a Astromar Filmes. O trabalho traz como convidados os intérpretes: Ana Cláudia Viana, André Rosa, Jânia Santos, Marconi Araújo, Minotti Rodrigo, Omim D’Funfun, Pablo Vieira e Rozeane Oliveira.
Estreia presencial
O CIDA também apresentará o novo trabalho em formato presencial dentro da programação de um dos maiores festivais de teatro do país, o Festival Nacional de Teatro Toni Cunha. A apresentação acontece no dia 29 de julho, às 20h, na cidade de Itajaí (SC).
“Durante a circulação de ‘Corpos Turvos’, apresentaremos uma nova versão do trabalho. Uma versão híbrida, que vai friccionar tudo o que vivemos até o momento, com relação às tecnologias, os distanciamentos, os protocolos pandêmicos e a acessibilidade comunicacional. Até pouco tempo atrás, estávamos sem quaisquer perspectivas para o novo ano. Agora, porém, temos o nosso retorno para os palcos presenciais marcado e só tenho a agradecer a todos profissionais que estão conosco nessa empreitada”, pontuou René Loui.
Ainda na programação do festival, o Coletivo realiza no dia 30 de julho uma ação formativa denominada “Oficina De Acessibilidade e Inclusão Nas Artes Cênicas”, que tem como princípio o compartilhamento de mecanismos de inclusão e acessibilidade utilizados pelo artista no âmbito do Coletivo CIDA. A atividade tem como princípio a capacitação técnica de monitores e professores da área artística que podem ter entre seus alunos, crianças e ou adolescentes com alguma deficiência.
Seguindo a turnê, o coletivo exibirá “Corpos Turvos” no Teatro SESC Garagem em 1º de agosto, como ação contemplada no Edital Funarte Circulação das Artes – Edição Centro-Oeste, por meio de parceria com o SESC-DF.
CIDA
Fundado por Arthur Moura, René Loui e Rozeane Oliveira, artistas e produtores que têm em seu histórico na dança o trabalho em outros núcleos com perspectiva similar, o CIDA se destaca no cenário cultural norte-rio-grandense por causa de uma produção própria experimental e inclusiva. Todas as informações sobre o coletivo e sobre os lançamentos podem ser acompanhadas através do site www.coletivocida.com.br ou do Instagram: @coletivocida