A dragagem do Rio Potengi, no acesso ao Porto de Natal, deve sair do papel em breve. A informação é do novo diretor-presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), Nino Ubarana. O serviço é necessário para manter a profundidade segura ao trânsito dos navios e, assim, evitar que eles encalhem.
A última dragagem foi feita em 2012. “Devido a esse tempo, alguns pontos ficam com maior dificuldade de navegação, o rio fica mais raso e os navios correm risco”, explicou Nino Ubarana em entrevista ao Jornal 91, da 91FM, nesta segunda-feira 17. Segundo ele, o processo de estudos está avançando.
Porto de Natal
“Nós fizemos uma licitação para fazer o estudo hidrográfico para ter um raio-x sobre como está o fundo do rio, o canal de acesso. Acreditamos que até o fim de julho inicia-se esse estudo para que a gente possa entregar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e poder dar o próximo passo, que é fazer o projeto da dragagem”, disse.
Já o processo para execução da dragagem ainda é incerto. “Há duas possibilidades: a B, que o Dnit já se comprometeu em fazer, que é após o estudo hidrográfico, fazer a dragagem em pontos específicos, algo que custará cerca de R$ 10 a R$ 12 milhões. E o plano A, que é um trabalho de médio a longo prazo, que vai precisar de um trabalho de ministério para poder liberar recursos, já que esse vulto é de aproximadamente R$ 150 milhões”. O estudo tem previsão de conclusão entre 30 e 45 dias depois da data de início.
A dragagem do canal de acesso e bacia de evolução do Porto de Natal tem atualmente uma necessidade de aumentar seu calado para 12m de profundidade, o que vai proporcionar novas operações portuárias.
Ponte Newton Navarro. Navios de médio e grande porte não podem passar embaixo da Ponte Newton Navarro no período noturno por falta de defensas instaladas, o que causa limitação ao Porto de Natal. “Discutimos com o Governo do Estado e com o ministro Márcio França [Portos e Aeroportos], que se comprometeu a ajudar com o aporte financeiro, já que o Governo do RN não tem condições de fazer sozinho”, afirmou o diretor-presidente da Codern.
De acordo com ele, o Dnit já apresentou o anteprojeto ao Governo do Estado. “O Dnit fará o projeto, e após o projeto concluído, o ministro Márcio França liberará o recurso para o Dnit fazer a obra”, pontuou. O projeto está orçado em aproximadamente R$ 41 milhões, mas será feita uma atualização.
Saída da CMA-CGM. A saída da empresa francesa CMA-CGM, uma das maiores do mundo em termos de transporte naval, impactou diretamente a atividade do terminal portuário. As operações da empresa foram encerradas ainda no mês de abril. O principal motivo da saída da CMA-CGM da operação em Natal foi por ter apresentado proposta à Companhia Docas do Ceará para arrendar uma área correspondente ao dobro da área do terminal da capital potiguar.
“A perda da CMA-CGM causa prejuízo de em torno de R$ 4 milhões no ano de 2023, o que causa uma certa dificuldade para a Codern. Nossa previsão de perda para 2024 com a saída da CMA-CGM é de aproximadamente R$ 9 milhões”, apontou Nino Ubarana.
A equipe técnica da Codern tem trabalhado para mitigar esse prejuízo, segundo o diretor-presidente. “No fim de agosto, começará a operação da Green Sea [exportação de frutas], e estamos também com uma operação de sal em big bag [grandes sacolas de 1 tonelada] no fim de julho, dando tudo certo, provavelmente sairemos com 10 mil toneladas por semana em cada navio”.
Porto-Indústria Verde
Encabeçado pelo Governo do Estado, o Porto-Indústria Verde é um projeto importante à viabilidade de projetos para exploração de energia eólica offshore (no mar) e a exportação de diversos outros produtos, como o hidrogênio verde (H2V).
“Acho que esses projetos são complementares, a governadora [Fátima Bezerra] trabalha bem a questão do porto-indústria, já que é um porto que visa a questão das energias renováveis, coisa que hoje o Porto de Natal não comporta. Concordo também com a extensão do Porto Potengi [novo complexo portuário na margem esquerda do rio Potengi], que será uma forma de fazer uma ligação intermodal”, começou Nino Ubarana.
“Mas peço que as autoridades públicas nos deem as mãos para recuperar a infraestrutura do Porto de Natal, porque esses outros portos são [de longo prazo] para uma década, uma década e meia”, concluiu.