13/11/2019 | 10:28
O publicitário e escritor paulista que passou quase 11 anos preso por tráfico de drogas em Alcaçuz e no Presídio Federal de Mossoró receberá, no dia 3 de dezembro, o título de Cidadão Natalense. Newton Albuquerque, de 44 anos, sobreviveu ao “Massacre de Alcaçuz”, ocorrido em janeiro de 2017, quando 26 detentos foram assassinados durante uma rebelião envolvendo facções criminosas rivais.
Autor do livro “A escolha errada”, o escritor já distribuiu 1.000 exemplares apenas em presídios do estado, além de também dar palestras para os internos.
Para Newton, a homenagem foi uma surpresa. Ele conta a importância de tal reconhecimento a partir da sua história, como exemplo de que pessoas em situação de cárcere podem mudar o rumo de suas vidas.
“Eu não esperava, isto foi uma surpresa e me emocionei bastante. Mostra que estou sendo reconhecido. Um cara que saiu de Alcaçuz e sofreu bastante. Fui perseguido, muita gente tem preconceito comigo até hoje. Mas, mostro que é possível romper barreiras e quebrar paradigmas”, contou.
Preso em 2008 na praia de Genipabu, quando transportava mais de 300 quilos de drogas de São Paulo para o Nordeste, Newton passou 1 ano na Penitenciária Federal de Mossoró e 9 em Alcaçuz, de onde saiu para o regime semiaberto em 2018. Atualmente, ele usa tornozeleira eletrônica.
Ainda na prisão, Newton Albuquerque começou a escrever suas primeiras obras, todas feitas a mão, até serem reescritas em um notebook, que recebeu de presente de um juiz. De todas, “A escolha errada” foi a única publicada até o momento e já está na sua quinta edição, com duas mil cópias em circulação.
Mas os livros do ex-detento não param por aí. Ele ainda pretende lançar pelo menos mais quatro, todos também escritos enquanto ainda estava preso em Alcaçuz, maior unidade prisional do RN.
Newton pretende em 2020 focar suas palestras para escolas, com direcionamento para o público mais jovem, para passar a experiência da sua “escolha errada”, tendo em vista que ela não seja repetida por outras pessoas.
O propositor da homenagem é o vereador Fúlvio Saulo (Solidariedade), que conheceu Newton e sua história em um curso para palestrantes.