22/07/2020 | 23:06
Os trabalhadores sistema de transporte público de Natal planejam retomar a greve da categoria a partir da próxima semana. Em junho, ao longo de duas semanas, o movimento grevista afetou milhares de pessoas na capital potiguar. O posicionamento de retomada da greve ocorre após a falta de acordo nas negociações entre o Sindicato dos Rodoviários (Sintro) e o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos (Seturn).
Em nota, o Sintro explicou que “nada foi resolvido” e que “a greve deve retomar já na próxima semana”. A movimentação, de acordo com o Sindicato, será semelhante a anterior: apenas as linhas metropolitanas (as que rodam na capital) vão aderir. Ainda segundo o Sindicato, um edital será publicado para informar a população sobre a nova interrupção no sistema de transportes da capital.
Desde maio, rodoviários promovem manifestações e paralisações pela manutenção de benefícios como vale-refeição e vale-transporte, além de adicional para quem exerce a dupla função de motorista e cobrador. A categoria também reivindica a volta de cobradores que foram demitidos.
No mês passado, os rodoviários iniciaram uma greve no dia 22, que afetou cerca de 85 mil trabalhadores. Na mesma semana, no dia 25, o movimento foi suspenso. A medida foi tomada após diversas ações judiciais impedirem que os sindicalistas fechassem garagens das empresas em Natal.
Segundo o consultor técnico do Setur, Nilson Queiroga, a questão da greve está judicializada. Em junho, durante a primeira paralisação, as empresas de ônibus obtiveram liminares que impediam que a entidade sindical que representa os trabalhadores efetuasse a obstrução na saída dos ônibus. “Esperamos que a frota de greve estabelecida pela STTU seja respeitada, pelo menos”, disse.
Além disso, Nilson Queiroga criticou a exigência dos rodoviários de Natal em cobrar a presença de cobradores nos ônibus urbanos da capital. Segundo ele, a medida não tem qualquer amparo legal. Ele pontua ainda que, em 2017, o Tribunal Superior do Trabalho classificou que a dupla-função de motorista e cobrador não é considerada acúmulo de função.
“Ademais, é uma incoerência o Sintro pactuar o trabalho de 100% dos motoristas sem cobradores há quase uma década e querer impedir as linhas urbanas do motorista trabalhem sem cobrador, onde o próprio Sintro acordou nas convenções coletivas de trabalho anteriores 50% dos ônibus [com a dupla-função], sendo que há dois anos ficou pactuado o fim dos cobradores”, disse.