Com histórico político invejável, o ex-governador e senador da República pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) do Rio Grande do Norte, Geraldo Melo, está mais vivo do que nunca para o pleito de 2018. Em conversa exclusiva com a reportagem do Portal Agora RN / Agora Jornal, o peemedebista destacou que tem a intenção de lançar seu nome ao Senado Federal no ano que vem, muito embora saiba das dificuldades que irá enfrentar, uma vez que os dois atuais senadores que terão seus mandatos encerrados (Garibaldi Alves e José Agripino) são candidatos declarados a reeleição. Como diferencial, Geraldo disse apostar numa proposta de mandato voltado para a segurança pública, que vive momento caótico em todo país.
“Eu gosto de dizer que não uso as palavras para esconder pensamento. Voltar ao Senado é uma coisa que eu gostaria que acontecesse. Existe alguma possibilidade? Não sei, mas eu gostaria. Pode até parecer contradição eu dizer isso, sendo uma pessoa que sustenta veemente a necessidade de uma renovação total no país. Porém, não estou exigindo saber a idade de ninguém, mas sim o amadurecimento das pessoas. Eu acho que é preciso haver renovação de métodos, projetos, estruturas e instituições. Pensar nisso é uma coisa que o Senado brasileiro terá que fazer. Já deveria estar fazendo, inclusive, mas como não está, terá que fazer a partir do ano que vem. Eu acredito que tenho uma contribuição a dar neste sentido, mas ainda preciso saber se existe lugar para ser candidato”, contou Geraldo.
Como exemplos de situações que poderão vir a compor a comissão de frente do seu possível novo mandato, o ex-senador destacou dois vieses da segurança pública como primordiais no seu projeto. O primeiro deles se refere às penalizações aplicadas aos menores infratores, que atualmente são imunes a penas carcerárias até completarem 18 anos de idade, e o segundo é relativo ao estatuto do desarmamento, hoje alvo de muitas críticas por grande parte da população brasileira. Segundo Geraldo Melo, existem dois projetos de lei em sua cabeça voltados especificamente para esses pontos.
“Há certos temas que deveriam presidir a construção legislativa do Brasil a partir de 2018. Um deles é uma série de medidas que tenha haver com a área de segurança pública, que vai do problema do menor infrator ao estatuto do desarmamento. Eu tenho propostas concretas a fazer nessa área, e acho que são propostas que teria o apoio da população. Por exemplo: no caso do menor, ele continuaria imune até os 18 anos com uma ressalva. Se cometesse um primeiro delito, haveria uma vara especial na Justiça para chamar esse menor e comunica-lo que o mesmo renunciou à sua imunidade penal. Não interessa saber se ele tem 16, 15, 14 ou 13 anos, ele renunciou e ponto final. Daí em diante, será tratado como maior de idade em qualquer parte do Brasil, não só onde cometeu o delito”, contou.
“Quanto ao desarmamento, primeiramente houve um plebiscito no Brasil. A população brasileira disse que não queria ser desarmada, mas o governo tapou os ouvidos, fez de conta que não ouviu e instaurou o estatuto. Creio que essa discussão precisa ser reaberta. Eu não sou violento nem defensor da violência, mas acho o seguinte: se o governo for capaz de dar a sociedade a garantia de que o cidadão pode viver sem precisar de nada, porque quando for ameaçado o governo vai estar lá para garantir sua vida, não tem porque o povo estar armado. Por outro lado, se o governo não for capaz de impedir que os bandidos do Brasil estejam armados e a população em geral não, aí minha paciência extrapola. Não dá para continuar assim. Teríamos que reabrir a discussão sobre esse estatuto”, complementou o ex-governador.
Quando questionado sobre se o fato de Garibaldi Alves, membro do seu partido, ser candidato a reeleição em 2018 não atrapalharia suas intenções em buscar uma vaga no Senado, Geraldo disse entender que existe a possibilidade do PMDB lançar os dois nomes ao mesmo tempo, até porque a quantidade de vagas permite o ato. “São duas vagas. O PMDB só tem um senador e que é muito forte, inclusive candidato a reeleição. Mas vejo que o PMDB pode sim ter dois nomes na disputa”, disse Melo, que apesar de tudo se mostrou um pouco magoado com a sigla uma vez que, segundo o próprio, ele não vem tendo tanta voz dentro da legenda nas últimas decisões tomadas pelo diretório regional.
“Eu não estou vendo o partido pensando muito em espaço para Geraldo Melo neste momento. O que está acontecendo no PMDB, inclusive, já faz muito tempo que ninguém me diz, e faz muito tempo que ninguém pergunta a minha opinião sobre nada no partido. São duas vagas. O PMDB poderia ir sim para uma chapa com dois candidatos, assim como também poderia fazer uma coligação e quem eventualmente passasse seria eleito. Vejo que passou o tempo da briga entre Bacurau e Arara, Alves e Maia, e quem sabe até Garibaldi e Agripino podem chegar aqui juntos… Não sei, são possibilidades”, complementou o já considerado pré-candidato ao Senado.
Perguntado sobre se o fato de estar sendo pouco consultado pelo PMDB poderá a fazê-lo pensar em mudar de partido para disputar as eleições de 2018, Geraldo Melo não se mostrou muito fã da ideia, mas também não descartou conversações caso alguma outra sigla tenha interesse em bancar suas propostas. “Eu não pensei nisso. Se eu tivesse armando essas providências é porque eu estaria me lançando candidato, e isso é algo que não estou fazendo. Não pensei nesse lado. Mas eu não posso descartar de ouvir algum convite que alguém queira me fazer. Isso não quer dizer que eu vou mudar de partido. Eu tenho uma história no PMDB, fui do velho PMDB, fui do PMDB da luta pela redemocratização”, bradou, relembrando grandes ações que participou ao lado do partido:
“A campanha das diretas no RN fui eu que comandei; a eleição de Garibaldi para prefeito de Natal, depois da redemocratização, fui eu que comandei; também fui o primeiro governador que o PMDB elegeu no Estado, e até como governador fui criticado pelo partido porque fiz coisas que depois, com outros governadores, o próprio PMDB também fez… Ademais, eu tenho uma ligação histórica muito grande com o partido. Fui uma pessoa que, em grande parte da minha carreira e da minha vida, estive ligado a Aluízio Alves. Hoje, não tenho nenhum desejo e nenhum motivo para discutir essa questão de troca partidária, mas é bom frisar que não morri ainda (coisa que algumas pessoas provavelmente até lamentam). Estou vivo e tenho o direito de pensar no futuro. Quantos anos de futuro eu tenho? não sei, mas o que eu tiver, quero usar para ser um brasileiro ativo e útil a sociedade”, completou.
Por fim, Geraldo Melo disse acreditar que, diante de tantos casos de corrupção investigados contra políticos no país, as eleições de 2018 poderá ser um divisor de águas, sobretudo para candidatos ficha limpa, que não tenham envolvimento em nenhum esquema, como é o seu caso. Todavia, acredita que é necessário haver uma espécie de auto avaliação dos eleitores para que essa premissa venha, de fato, a se tornar uma realidade no ano que vem.
“Eu ainda tenho um certo receio em afirmar isso porque o esporte predileto dos brasileiros é falar mal da classe política. Não é sem razão, porque alguns (políticos) até parecem que gostam. Quando mais falam deles, mais capricham. Só que está na hora de reconhecer que não são somente eles que merecem a crítica. Primeiro porque somos nós, o povo, que colocamos eles onde estão. E segundo por que nós não tomamos ainda uma atitude para corrigir as coisas. Acredito que é necessário, primeiramente, mudar a classe política, mas depois o povo deve fazer uma auto avaliação para se organizar e ver o que é que está sendo feito por todo mundo, desde situações básicas do dia a dia até a opção pelo voto”, disse, finalizando com uma avaliação da relação governo-cidadão nos dias atuais.
“É uma relação de soberano e súbito. Não está certo. Se um cidadão deve ao governo, ele toma até sua cama se quiser. Mas se o governo deve a alguém, primeiro esse cidadão não vai poder executar porque a lei não permite. Se alguém for pra justiça e depois de 20, 30 anos ganhar a causa, para lhe pagar o governo precisará saber antes se aquele pagamento tá no orçamento dele. Se não tiver, é só no outro ano. Quando acontece o inverso e ele lhe cobra, não quer saber se tá no seu orçamento ou não. Vejo que o jogo está desequilibrado. Eu tenho, na minha experiência, uma coleção de coisas que uma sociedade atual não pode mais conviver com elas. Como senador, eu poderia dar minha contribuição para que elas acontecessem e acredito muito nisso”, concluiu o ex-governador.