A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sedia a segunda edição do Festival de Cinema Colômbia Migrante (FCCM). O evento acontece no auditório do Centro de Educação (CE), de 4 a 6 de outubro, a partir das 13h. Por meio da arte e da cultura, o festival busca construir um relato coletivo de memória simbólica sobre o exílio e a migração forçada de colombianos.
Centrado no deslocamento forçado interno e externo, o festival apresenta, em sua maior parte, filmes que destacam diferentes realidades de exílio, migração e deslocamento de colombianos, podendo estender a reflexão para outros contextos nacionais. O evento exibe produções como Sangre y Tierra, KUM BI, Villa Olímpica, Liberar nuestra casa, Casa de mama Icha e Chiqui Chiqui.
A parceria com a UFRN surgiu do trabalho da professora Angela Facundo, do Departamento de Antropologia (DAN), junto às populações migrantes, refugiadas e exiladas, assim como a participação da docente nos trabalhos da Comissão para o Esclarecimento da Verdade na Colômbia (CEV), com vítimas no exterior. A organização busca encontrar a verdade sobre o que aconteceu durante o conflito armado interno, e contribuir para o esclarecimento das violações de direitos humanos.
Angela Facundo explica que, no âmbito do Acordo Final, para a suspensão do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura, assinado entre o Governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), foi criada a Comissão para Esclarecimento da Verdade, Convivência e Não Repetição. O acordo foi criado como um mecanismo temporário e extrajudicial do Sistema Integral de Verdade, Justiça, Reparação e Não Repetição (SIVJRNR), para conhecer o que aconteceu no âmbito do conflito armado e contribuir para o esclarecimento das infrações cometidas.
“Pela primeira vez uma Comissão da Verdade incluiu as vítimas no exterior dentro dos trabalhos de esclarecimento e repetição. Com isso, foi realizado um trabalho extraterritorial de identificação, escuta e incorporação, no relatório final, de testemunhos de exilados e outros migrantes. Eu dei meu apoio para esse trabalho com vítimas no exterior, com o festival, e continuo apoiando as iniciativas de organizações de vítimas no exterior”, relata Angela.
De acordo com a professora, a história do país vizinho é pouco conhecida e debatida no Brasil, fora dos círculos especializados. “Esse projeto contribui não só para a compreensão dessa realidade, mas também para um melhor conhecimento das realidades latino-americanas de forma mais abrangente”, explica. Ainda segundo a coordenadora, a atividade também pretende, por meio das artes, familiarizar as pessoas interessadas nos temas migratórios com os debates mais recentes.
Sobre o festival
O festival acontece em 25 cidades ao redor do mundo, é uma iniciativa da Rede de Artistas, Exilados e Migrantes pela Paz (Raempaz), formada por organizações de vítimas, artistas, migrantes, refugiados, exilados, acadêmicos e defensores de direitos humanos dentro e fora da Colômbia.