29/06/2022 | 11:43
Com contribuição do jornalista Rubens Araújo, autor do projeto e mantenedor desta grandiosa obra cultural, apresentamos este convite à festa junina do Centro Cultural Casa de Taipa, situado na comunidade Sagi (Baía Formosa), extremo Sul do litoral potiguar, na divisa com a Paraíba. “Nesse cenário, onde quadrilhas juninas e o forró reinam nas noites, um espaço conhecido simplesmente como Casa de Taipa se sente à vontade para viver o que o Nordeste tem de mais arretado, uma festa junina bem típica, com direito a quadrilha, quebra-pote e pau de sebo”, descreve o querido Rubão, como é conhecido e chamado por todas e todas que vivem e povoam os arredores das comunidades indígenas Jacu e Sagi Trabanda.
Nesta quarta-feira 29, o fundador do ponto cultural tem orgulho de dizer que vai ter festa, sim sinhô. “Nosso São Pedro já é tradicional no litoral sul potiguar, onde reúne a tradição e linguagens artísticas modernas em um evento marcado pela alegria, pelo colorido das chitas e pelo resgate da cultura popular”, declara ao enaltecer o 8º Arraial do Centro Cultural Casa de Taipa.
Como aconteceu com as festas juninas em todo o Nordeste, fazia dois anos que o Centro Cultural Casa de Taipa não realizava seu Arraial. “A 8ª edição vem causando bastante expectativa por parte da comunidade local e dos turistas que sempre prestigiaram o evento. A saudade é grande. Minha e de todos aqueles que sempre amaram essa festa que carrega esse sentimento único de nordestinidade e de paixão pela vida. Não era sem tempo”, comemora.
E o retorno do Arraial do Centro Cultural Casa de Taipa busca manter a diversidade e a riqueza cultural que marcam as festas juninas. Fincado entre o mar e o rio Cavassú, o espaço se veste com o colorido das bandeiras e balões para abrigar uma programação intensa e lúdica. A festa começa cedo, às 17 horas, com a pintura de um grafite que toma duas paredes da casa de taipa que abriga parte do acervo do Centro, enriquecido ainda com um anexo onde funciona uma biblioteca com mais de 3 mil livros e revistas.
GRAFITE
Um dos espetáculos à parte, algo quase surreal, ocorre a cada ano quando um ou uma artista é convidado(a), sendo mulher ou homem, só ou acompanhado(a), a colorir a Casa de Taipa. Ao vivo e em cores, com direito à plateia. O escolhido deste ano foi o campinense, morador de Natal, conhecido no meio grafiteiro como Erva Doce. Ficou a cargo dele, que tem sua arte espalhada pela capital potiguar, a exemplo da escadaria de Mãe Luiza, e também é professor de arte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, traduzir com os sprays o tema de 2022 proposto pelo Centro Cultural: Atitude é fogo, vire o jogo. “O tema foi escolhido em função desse momento em que a população disse sim para a vacina contra a Covid 19 e vivemos essa renovação de espírito e esperança de dias melhores”, explica Rubens.
A arte de Erva Doce vem acompanhada da sonoridade pop rock da banda Luaz, que acaba de lançar em todas as plataformas o clipe da música “Mar Aberto”, que pretende ser a ponta de lança para seu próximo trabalho fonográfico. O trio, que tem um álbum no currículo, o festejado “Aram”, faz o segundo show da noite do 29 de junho no Centro Cultural Casa de Taipa. Antes dele, o quarteto pé de serra do “Forró do Braga” faz o esquenta com três horas de clássicos do gênero mais querido das festas juninas.
FORRÓ-RAIZ. Os forrozeiros do município de Pedro Velho prometem não deixar ninguém parado. Vindos de uma maratona de shows no (generoso) mês de junho que os fazem andar por todo o estado, o quarteto do Forró do Braga está pronto para fazer os casais entrarem ainda mais no clima junino no salão de cimento, coberto por palha de coqueiro e que será iluminado apenas pela luz de candeeiros. “Já conhecemos essa festa e pretendemos fazer de tudo para torná-la inesquecível”, adianta Marcelo Braga, zabumbeiro e um dos criadores da banda.
No meio do terreiro iluminado por balões e fogueira, os brincantes poderão tentar a sorte, e a resistência, subindo no pau de sebo, que este ano terá 11 metros de altura. A premiação é de 350 reais para quem conseguir tirar a bandeira de São Pedro do alto do mastro, lutando contra o sebo de carneiro que torna a superfície da madeira extremamente lisa. E outro resgate, que provoca a algazarra dos pequenos, é o quebra-pote, brincadeira na qual a criançada, com venda nos olhos, tenta quebrar um pote de barro recheado de doces e outras guloseimas.
A melhor parte: a entrada é gratuita, como também é grátis a comida, baseada no milho e na culinária típica do São João e São Pedro. @centroculturalcasade.