O Rio Grande do Norte foi, dentre todos os estados do Brasil, o que teve maior crescimento em veículos elétricos em janeiro. Com 171 novos carros vendidos no primeiro mês de 2024, o que significa uma alta de 277% em terras potiguares em relação a janeiro do ano passado, a expectativa é de um crescimento contínuo segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE).
Para o diretor da ABVE, Márcio Severine, o crescimento se dá pelo interesse da população na tecnologia proporcionada pelos veículos elétricos.
“O brasileiro é um tipo que se interessa muito por tecnologia. Ele tem essa característica de ser um ‘early adopter’, que adota novas tecnologias com facilidade e o carro elétrico caiu no bolso do brasileiro. A gente tem visto um crescimento consistente da comercialização de veículos elétricos nos últimos anos”, disse.
De acordo com o diretor da ABVE, o Brasil demorou pelo menos 12 anos para abraçar a tecnologia dos carros elétricos e alcançar a marca de 100 mil veículos vendidos, mas hoje a previsão é que tenha um desenvolvimento ainda mais intenso. Somente no ano passado foram vendidos cerca de 95 mil veículos elétricos no país e a previsão, para o ano de 2024, é que seja atingido o número de 160 mil carros vendidos, segundo diz Severine.
Em 2023, o RN teve um total de 854 novos carros elétricos, enquanto em 2022 os números totalizam 420, quase metade da quantidade registrada no ano passado. Dos 854 veículos vendidos no estado, a maioria são BEV, ou seja, veículo elétrico a bateria, o que totalizou um número de 280 carros. Em segundo lugar, está a categoria PHEV, o veículo híbrido plugável, com 242.
Já os veículos híbridos leves, os MHEV, marcaram um número de 115 novos veículos no RN em 2023, enquanto os de categoria HEV, ou seja, o veículo elétrico híbrido, que combina um motor a combustão a unidades elétricas, marcaram a quantidade de 55. Em janeiro de 2024, os maiores números também são na categoria BEV, com 129 dos 171 novos carros.
Conforme afirmou Severine ao AGORA RN, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, houve um aumento ainda mais notável na venda de veículos elétricos. Ele evidencia que a perspectiva de aumento de impostos no início do ano pode ser um dos motivos que levou o consumidor a acelerar a decisão da compra, no entanto, o crescimento continua consistente, diz ele.
Outras causas para o aumento da compra de veículos elétricos giram em torno das vantagens que esse tipo de tecnologia traz para o condutor, segundo o diretor da ABVE. Ele listou, entre os benefícios dos elétricos, a variedade e modernidade de veículos e o custo de manutenção que é ainda menor quando comparado aos veículos tradicionais.
“Primeiro, tem a questão de ser moderno oferecendo um novo modelo de condução para o cliente. Depois, o conforto e a dirigibilidade do veículo, ele é silencioso e tem um motor de potência elevada, os elétricos têm uma ótima performance. Além disso, o custo de manutenção é bastante baixo, ele chega a ser 80% mais barato que a manutenção de um carro tradicional porque ele não tem uma série de componentes que você tem no carro à combustão, o carro elétrico não precisa trocar óleo, por exemplo”, elencou.
Márcio Severine acredita que os carros elétricos são os melhores quando se fala sobre custo-benefício. Ele cita que, além da baixa necessidade de manutenção constante, também tem motivos como a economia no bolso do condutor quando se compara o preço da energia e o preço do combustível. “O preço da energia compensa em relação ao preço do combustível. Você tem que comparar não só o preço do veículo, mas quanto ele gasta do quilômetro de energia, do combustível, custo de manutenção e impostos”, completou.
Para o representante da associação, o preço do veículo também tem se tornado cada vez mais acessível. “São novos modelos entrando no mercado com os preços reduzidos e tem uma tendência grande de queda no preço da bateria, que é o componente mais caro do veículo. São faturas que mostram a queda nos preços cada vez mais acentuada nos carros”, disse.
O diretor compartilhou que os condutores também têm críticas a fazer, as quais geralmente não são sobre os veículos, mas sobre a infraestrutura que alguns estados do Brasil ainda não têm para suportar a quantidade de elétricos que está em crescimento. “A gente ouve algumas críticas com relação a pontos de abastecimento, que ainda estão crescendo, mas nunca vê crítica com relação a produtos e falha dos carros”, ressalta.
No entanto, Severine ainda se mantém otimista sobre o crescimento dos veículos elétricos e da infraestrutura no Brasil. “A própria infraestrutura está crescendo e vai ainda acompanhar a venda. A gente está procurando uma grande infraestrutura, mas a gente vai conseguir. Eu imagino que pelo menos até 2030, a gente estará com 30% dos veículos sendo elétricos”, concluiu.