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Política

O duro recado de Alexandre de Moraes a Bolsonaro ao negar ida à posse de Trump

Ministro do STF usou declarações do próprio ex-presidente e de seu filho, Eduardo, para embasar decisão que barrou viagem aos EUA; para aliados, despacho antecipa tom do julgamento da trama golpista
Redação
16/01/2025 | 15:52

A decisão de 16 páginas de Alexandre de Moraes que negou a ida de Jair Bolsonaro à posse de Donald Trump no próximo dia 20 nos Estados Unidos é marcada por duros recados do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente da República. Ao manter as medidas cautelares contra Bolsonaro de retenção do passaporte e proibição de deixar o território nacional, o magistrado destaca que o ex-chefe do Executivo já defendeu em diferentes ocasiões a fuga de condenados pelo 8 de janeiro para outros países – e poderia fazer o mesmo.

Para aliados de Bolsonaro ouvidos reservadamente pelo blog, a decisão de Moraes antecipa o tom do voto que o ministro deve dar ainda neste semestre no julgamento da trama golpista, com a expectativa de recebimento da denúncia a ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e, por tabela, a abertura de uma ação penal para aprofundar as investigações que podem levar à sua condenação.

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Ex-presidente Bolsonaro e ministro Alexandre de Moraes - Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

“A decisão foi mais dura que o parecer da PGR”, diz um integrante do PL, em referência à manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que se posicionou contra a viagem do ex-presidente aos EUA.

“Um esculacho”, resume outro interlocutor de Bolsonaro.

O risco de fuga de Bolsonaro – e declarações do próprio ex-presidente e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em defesa de investigados do 8 de Janeiro que fugiram do país para escapar do cumprimento de determinações da Justiça – foi um dos principais pontos trazidos por Moraes para fundamentar a decisão que barrou a viagem aos Estados Unidos.

“Em diversas outras oportunidades, o indiciado Jair Messias Bolsonaro manifestou-se, publicamente, ser favorável à fuga de condenados em casos conexos à presente investigação e permanência clandestina no exterior, em especial na Argentina, para evitar a aplicação da lei e das decisões judiciais proferidas, de forma definitiva, pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, em virtude da condenação por crimes gravíssimos praticados no dia 8 de janeiro de 2023”, diz trecho da decisão do ministro.

Moraes cita ainda publicações do ex-presidente nas redes sociais em defesa da evasão de condenados pelo STF, como em um tweet do dia 9 de outubro de 2024 no qual Bolsonaro faz referência aos “nossos irmãos refugiados na Argentina” e destaca que o post foi visualizado por 325 mil pessoas.

Ainda segundo o magistrado, Eduardo Bolsonaro, que intermediou junto à família Trump o convite para a posse destinado ao seu pai, corroborou a narrativa de defesa da fuga de condenados em mais de uma ocasião.

Por isso, ainda segundo Moraes, o pedido para a devolução do passaporte seria inconcebível em função da possibilidade de fuga de Bolsonaro “para se furtar à aplicação da lei penal, da mesma maneira como vem defendendo a fuga do país e o asilo no exterior para os diversos condenados com trânsito em julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em casos conexos à presente investigação”.

Bolsonaro teve o documento apreendido em fevereiro de 2024 por ocasião da operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), que também mirou outros aliados como os ex-ministros Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Anderson Torres. Na ocasião, o ex-presidente chegou a passar duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, fato revelado apenas meses depois pelo jornal americano The New York Times.

Por isso, ainda segundo Moraes, o pedido para a devolução do passaporte seria inconcebível em função da possibilidade de fuga de Bolsonaro “para se furtar à aplicação da lei penal, da mesma maneira como vem defendendo a fuga do país e o asilo no exterior para os diversos condenados com trânsito em julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em casos conexos à presente investigação”.

Bolsonaro teve o documento apreendido em fevereiro de 2024 por ocasião da operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), que também mirou outros aliados como os ex-ministros Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Anderson Torres. Na ocasião, o ex-presidente chegou a passar duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, fato revelado apenas meses depois pelo jornal americano The New York Times.

Com informações do O Globo

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