O Museu Câmara Cascudo (MCC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi reinaugurado no dia 20 de maio, após 5 anos de reforma, período em que funcionava parcialmente e exibia apenas mostras temporárias. A reinauguração marcou, também, a reapresentação de duas exposições: “Engenhos: Tradição de Açúcar” e “Anatomia Comparada”, ambas atualizadas depois um tratamento interdisciplinar, com discursos construídos de modo a situar os visitantes com relação ao contexto e época que representam.
O Vice-diretor do MCC, o museólogo Gildo dos Santos, explicou como foi o processo de reforma do espaço. “Antes da reforma o museu tinha uma exposição de longa duração, envelhecida em 40 anos, e a estrutura do prédio de exposições estava totalmente comprometida nos aspectos elétricos, de climatização e de segurança. Os recursos para as obras surgiram no final de 2010 e o museu teve dois períodos de fechamento, sendo reaberto, parcialmente, em 2013 com duas salas de exposições temporárias já devidamente reformadas. No dia 20 de maio, nós reabrimos pela primeira vez, após esse período, com duas exposições de longa duração ”, explicou.
A exposição “Engenhos: Tradição do Açúcar” evidencia o cotidiano, a arquitetura, e as riquezas relacionadas à presença dos engenhos no território Norte-riograndense, assim como seu impacto no ambiente e na sociedade, envolvendo todos os aspectos antropológicos do uso dos produtos da cana, sem esquecer da arte popular que envolve o universo da indústria canavieira. A exposição já existia desde a década de 70 e a ideia era mostrar como funcionava um engenho na época do auge açucareiro no Estado. A explicação é da museóloga Jacqueline Souza, uma das responsáveis pela reformulação da exposição. “Como a sala já tinha essa proposta de trabalhar os engenhos, a gente só fez construir um novo projeto conceitual da exposição,” informou.
Com o objetivo de atualizar a exposição e dar um discurso mais apropriado ao seu contexto, os responsáveis viajaram até o município que foi o maior polo açucareiro do Rio Grande do Norte. Acompanhados do fotografo Cícero Oliveira foi possível construir um acervo de imagens em diversos engenhos da época, para traçar uma rota dos engenhos no município de Ceará Mirim. Jailma Medeiros foi a museóloga responsável pela curadoria dos textos da exposição e contou sobre seu envolvimento com a área: “Eu terminei o curso de história na UFRN e meu trabalho de final de curso foi a expansão canavieira no vale de Ceará Mirim, então nós tentamos introduzir um pouco disso para contar a expansão do açúcar até chegar à cidade que foi o maior polo açucareiro do Estado”, explicou.
A exposição “Anatomia Comparada”, que estava acessível à visitação de forma parcial e em caráter provisório, agora se mostra revitalizada, com novo visual e acervo ampliado. A exposição exibe uma grande coleção de esqueletos completos e crânios de diversos mamíferos, mostrando ao público o processo de evolução das espécies por meio das diferenças e semelhanças entre os organismos e levando em consideração a questão da adaptação, reprodução e estrutura anatômica.
O vice-diretor falou um pouco sobre o novo conceito da exposição. “Antes a Anatomia Comparada se limitava a expor o acervo com informações muito sucintas, era o que a gente chama de “exposição para cientistas,” e não conseguia se comunicar com o público pelo próprio paradigma de museus dos anos 70. Então construiu-se um discurso baseado no acervo, com o apoio de professor Claude Aguilar, que é docente de Paleontologia e de Glaudson Albuquerque, que é o colaborador de divulgação cientifica”, contou.
Enquanto nossa equipe colhia informações para essa reportagem, um grupo de crianças do 1º ano primário de uma escola de Natal visitava a exposição. A coordenadora da escola responsável pelo grupo, Veruska Arruda, falou sobre a importância do museu para o processo de aprendizagem das crianças. “O museu ao mostrar essa parte cientifica traz a história pra eles de uma forma muito verdadeira e, visualmente, muito lúdica. As crianças são muito presas ao concreto, aquilo que elas veem, então o museu é um lugar muito rico nesse sentido, pois elas podem fixar aquilo que aprenderam de uma forma alegre”, ressaltou.
Reabertura e visitas
Durante o dia 21 de maio, sábado, primeiro dia após sua reabertura, o museu funcionou em período estendido, das 13 as 22h, por conta do encerramento da semana que celebrou o Dia Internacional dos Museus 2016. No período noturno, das 18h às 22h, ocorreu no estacionamento do setor expositivo uma feira gastronômica com encontro de food trucks, além de música que ficou por conta da velha guarda do samba natalense. O registro de dados do MCC mostram que nesse sábado, 21 de maio, entre 13h e 22h, 394 visitantes , passaram pelo setor de exposições do museu. O número é mais de 20 vezes superior a média de visitação aos sábados, quando o museu funciona das 13 às 17 e recebe cerca de 15 visitantes.
Para os interessados em fazer visitas, os dias e horários de funcionamento do Museu Câmara Cascudo são de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, ininterruptamente, e nos sábados das 13h às 17h. Grupos maiores de 10 pessoas devem realizar um agendamento que deve ser feito pelo e-mail educativo.mccufrn@gmail.com, de terça a sexta. Após agendar via e-mail, é necessário entrar em contato pelo telefone (84) 3342 4912 para que a equipe do setor educativo colha as informações preliminares para montar um roteiro de orientação e fazer a