03/09/2020 | 11:52
O cartunista e ativista carioca Carlos Latuff usou as redes sociais nesta quinta-feira 3 para declarar apoio ao Colégio Marista, que fica localizado na Zona Leste de Natal. A escola recebeu críticas nas redes sociais após usar charges de Latuff acerca da violência policial em provas para os alunos.

Nesta quarta 2, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar do RN publicou uma nota de repúdio ao conteúdo das charges e acusou a escola de possuir “tendência ideológica”. O texto diz que “o colégio impôs aos alunos perguntas os induzindo a pensamentos que destoam, completamente, do trabalho desempenhado pelos militares. A postura choca e causa extrema revolta, essa instituição vai na contramão do processo democrático do país e (pior!) distorce a honrosa e digna profissão de militar”.
A Associação de Delegados de Polícia Civil do estado (Adepol) também repudiou a abordagem das charges. “Esta associação não compactua com violência, corrupção e discriminação. Ocorre que, em apenas uma prova, a polícia foi retratada três vezes e, em todas elas com uma visão extremamente preconceituosa e desrespeitosa com os profissionais de segurança pública”.
Ao tomar conhecimento sobre a polêmica, o cartunista publicou um vídeo falando sobre o caso. “Esse tipo de intimidação não é a primeira vez que acontece”, disse Latuff. Em outro trecho, ele comentou que “nem a Polícia Militar, nem a Civil, é crítica de arte. Elas não decidem o conteúdo de uma prova. Sobre charge entendo eu, sobre ensino entende a escola e os professores. A polícia tem que se ater à segurança pública”.
Queria expressar a minha solidariedade aos professores da Escola Marista e dizer que continuem, não se intimidem porque ainda estamos em uma democracia.
Carlos Latuff
Polêmica
A prova do oitavo ano do ensino fundamental do Colégio Marista foi alvo de críticas na internet nesta quarta 2. O exame, identificado como “avaliação diagnóstica”, tem uma série de charges retratando policiais militares. Uma das imagens mostra um policial, retratado como um “porco”, empunhando uma arma.
A prova foi aplicada aos alunos do oitavo ano na última segunda-feira 31, mas só ganhou grande repercussão nas redes sociais a partir desta quarta.
Por conta da crise gerada pelo exame aplicado aos alunos, o Colégio Marista de Natal emitiu nota esclarecendo que o objetivo era o de abordar com os alunos o “comportamento humano e convivência social nos dias atuais”.
A instituição de ensino disse, ainda, que não teve a intenção de desmerecer a Polícia Militar, “tão valorosa e importante para a nossa sociedade”. A nota diz que a direção lamenta qualquer “situação constrangedora” à categoria.