06/06/2018 | 15:01
A primeira fase do julgamento do ex-servidor do Ministério Público, Guilherme Wanderley Lopes da Silva, teve início nesta quarta-feira, 6. Guilherme é acusado pela tentativa de homicídio, com uso de arma de fogo, contra os promotores Jovino Pereira da Costa Sobrinho e Wendell Beetoven Ribeiro Agra e contra o procurador Rinaldo Reis de Lima, no dia 24 de março de 2017.
O Agora RN entrou em contato com a defesa das vítimas, que estão sendo representadas pelo advogado Gabriel Bulhões. Ele explicou que neste primeiro momento, foram ouvidas as vítimas de Guilherme, que, até então, tinham escolhido manter o silêncio sobre o caso, vindo a se manifestar somente hoje, em julgamento.
“Até então, o que se tinha, inclusive na mídia, era a versão dele, da carta que foi divulgada e tudo mais. As vítimas se reservaram a não se incluir nessa discussão, não emitir opiniões. Portanto essa versão acabou sendo postergada para só vir a tona hoje”, explica Gabriel.
Ainda de acordo com o advogado, como não existem dúvidas sobre a autoria do crime, que inclusive foi confessado pelo próprio Guilherme, “o que vai girar em torno da discussão nesse processo é justamente a capacidade mental dele, que na visão da assistência para as vítimas, ele tinha discernimento”, diz. Foi concluído nas perícias pelas quais o acusado passou, que ele possuía semi imputabilidade. Ou seja, ele tinha sim algo que o afetava psicologicamente, mas não bastante para o impedir de “entender o caráter ilícito e criminoso da sua conduta”, afirma o advogado.
A defesa de Guilherme alega que ele sofre de “transtornos psicológicos” e o acusado chegou a ser internado em uma clínica para receber tratamento psiquiátrico. Essa decisão suspendeu o julgamento temporariamente e atrasou a conclusão do caso.
Na visão do direito, a conclusão dos peritos pode resultar uma atenuação na pena de Guilherme, o que, para sua defesa, foge do objetivo de tentar absolvê-lo por considerá-lo incapaz. Segundo Gabriel, não há como prever quando o julgamento terá fim. A segunda fase está marcada para o dia 25 de julho, quando as testemunhas da acusação serão ouvidas. A expectativa é que outras duas audiências sejam marcadas para ouvir as testemunhas da defesa e o interrogatório do próprio Guilherme.
Relembre o caso
No dia 24 de março de 2017, o então servidor, Guilherme chegou na Procuradoria Geral de Justiça no final da manhã, informando que entregaria uma carta. Interrompendo uma reunião dos procuradores Jovino Pereira Sobrinho, Rinaldo Reis Lima e o promotor Wendell Beetoven, e abriu fogo contra eles atingindo Jovino e Wendell pelos disparos.
O atirador fugiu do prédio, mas resolveu se entregar no dia seguinte. Durante 70 dias permaneceu detido no Centro de Detenção Provisória da Ribeira e foi transferido para a Clínica Psiquiátrica Santa Maria, no dia 1º de junho.