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Cética

Vilã, atriz Vera Holtz já quis ser freira, mas hoje não acredita em Deus

A missa é um espetáculo! Sem contar o lado místico dos dogmas
Redação
18/12/2016 | 19:23

Nada de imagens sacras enfileiradas num altarzinho, no quarto. No apartamento de Vera Holtz, em São Paulo, bonecos de Batman, Homem-Aranha, Hulk e Homem de Ferro, entre outros tantos, organizam-se perto da entrada principal, revelando a devoção da atriz de 64 anos pelas histórias em quadrinhos. Com uma alegria contagiante, quase infantil, nos bastidores, Vera nem de longe lembra a obscura Magnólia de “A lei do amor”. Se na ficção a socialite se faz de santa, ocultando perversidades com um terço à mão, a artista, gente boa que só, expõe sua visão de mundo com muita verdade.

— Eu tive formação católica, mas fui em busca de outros rumos, fiquei meio andarilha na vida. Acho que todas as religiões exigem uma prática diária, semanal ou mensal. Como não tenho muita rotina na vida, não consigo me dedicar a uma — conta a paulista de Tatuí: — Minhas irmãs continuam católicas praticantes, mas eu já não consigo acreditar naquele Deus que me apresentaram: semelhante ao homem, mas com superpoderes. Super-heróis, para mim, só os da Marvel, de que sou fã.

Vilã, atriz vera holtz já quis ser freira, mas hoje não acredita em deus

E pensar que, quando criança, Vera cogitou se tornar freira…

— É que eu achava bonitos os rituais da Igreja, que é muito teatral. Tem a luz, os personagens (padre, madre, coroinhas), a indumentária, as cores, os adereços todos. A missa é um espetáculo! Sem contar o lado místico dos dogmas. Fiquei seduzida por esse universo durante um tempo, mas rompi com tudo isso quando saí de casa, jovenzinha.

Se as crenças não são mais as mesmas de antigamente, permanece o zelo pela família ítalo-alemã Fraletti Holtz. Hoje dona da centenária casa em que passou a infância, Vera a utilizou como cenário de um longa-metragem biográfico, rodado em setembro do ano passado, sob a direção de Evaldo Mocarzel. No filme, caracterizada como Terezinha, sua mãe, a atriz revive histórias, brincadeiras e músicas do passado na companhia das irmãs Regina, Rosa e Teresa.

— No dia seguinte à morte da minha mãe, me vesti como ela e sentei no sofazinho de casa. Quando a moça que trabalha lá chegou, levou um susto, achando que fosse a própria — relembra Vera sobre a impressionante semelhança física com sua genitora: — Pedi para guardarem umas peças de roupa, sapatos e bobes dela, mas nem imaginava que um dia fosse produzir um documentário sobre a gente. Nossas memórias renderam uns 80 minutos, e foi uma experiência muito especial. O filme vai se chamar “As quatro irmãs” e eu pretendo exibi-lo em festivais.

A caçula, Regina, de 62 anos, conta que desde pequenina a irmã famosa demonstrava talento para repetir os trejeitos alheios.

— A todo lugar que ia, Vera ficava só observando as pessoas. Depois, chegava em casa e as imitava. Desta vez, como ficou parecida com mamãe! Foi uma volta à nossa infância, um reencontro muito comovente com ela — detalha a professora de Matemática, ressaltando o cuidado que a atriz tem com a família: — Para a gente, ela está sempre disponível, por mais ocupada que seja. Tem uma relação muito próxima com os sobrinhos, é extremamente carinhosa, gosta de olhar por todo mundo.

Filhos, no entanto, nunca estiveram nos planos de Vera. Apesar de experimentar com frequência personagens maternais na ficção — até hoje, ela é chamada nas ruas de Mãe Lucinda, carismática catadora de lixo de “Avenida Brasil” (2012) —, a veterana diz não se encaixar nesse papel na vida real:

— Eu tinha 14 anos quando virei para minha mãe e disse: “Não espere netos vindos de mim. Não quero me casar nem ter filhos. Vou viver da minha profissão, trabalhar e não dar trabalho para ninguém”. Tem gente que vem me perguntar se eu não sinto falta. Como, se eu nunca quis? Isso não é uma questão. Instinto maternal, umas têm, outras não.

 

 

Fonte: Extra

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