O arquiteto Luiz Perillo, de 35 anos, morreu nesta terça-feira 30, em São Paulo, uma semana após passar por um transplante multivisceral. O procedimento envolvia cinco órgãos de um mesmo doador — estômago, pâncreas, fígado, intestino e rim.
De acordo com informações da família, o transplante seria concluído em mais de uma cirurgia. Após o primeiro ciclo, Perillo apresentou um quadro de infecção, o que levou os médicos a interromper o processo para tratar a complicação. Durante a pausa, o paciente sofreu uma parada cardíaca. A morte foi comunicada nas redes sociais, sem detalhamento sobre a causa exata.

O arquiteto aguardava há quatro anos na fila por um doador compatível. Semanas antes da cirurgia, enfrentou um quadro infeccioso e ficou internado em tratamento. Segundo os médicos, ele entrou em fase emergencial porque os acessos para alimentação e hemodiálise estavam em risco devido à trombofilia, doença que havia provocado a perda de seus órgãos.
Perillo foi diagnosticado ainda jovem com trombofilia, condição que causa formação de coágulos. O problema afetou a veia porta, fundamental para o sistema digestivo, e levou seus órgãos à falência. Desde 2021, passou mais de dois anos internado de forma ininterrupta, dependente de nutrição parenteral por 13 horas diárias e de três sessões semanais de hemodiálise. Nesse período, chegou a pesar 34 kg.
Mesmo com o quadro grave, manteve uma rotina de exercícios físicos para preservar a massa muscular e aumentar as chances de enfrentar a cirurgia. O transplante multivisceral foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em fevereiro de 2024. Até então, esse tipo de cirurgia era inacessível para a maioria dos pacientes, devido ao custo — até dez vezes maior que o de um transplante convencional.
No Brasil, apenas cerca de cinco hospitais realizam o procedimento. Neste ano, já foram registrados mais de 30 mil transplantes, mas apenas dois multiviscerais.