Filas de pacientes, ambulâncias e corredores lotados. O Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, enfrenta uma situação caótica apesar da decisão da Justiça – que deu, no último dia 1º, 72 horas para a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) informar um planejamento para esvaziar as alas de atendimento. O prazo de 72 horas para cumprimento da decisão passou a valer a partir do momento em que a Sesap foi intimada pela Justiça.
A Sesap reconhece o problema de superlotação e afirma que já respondeu à solicitação judicial nesta segunda-feira 7.
O AGORA RN foi até o hospital para registrar a situação, mas a equipe não foi liberada para acessar os corredores. Contudo, segundo os relatos dos próprios funcionários e pacientes, a situação do Walfredo “está do mesmo jeito”.
José Roberto, de 38 anos, acompanha a esposa que espera por atendimento. “Eu cheguei aqui na quarta-feira 2. Vim da UPA lá de Parnamirim, e de Parnamirim para cá [Walfredo]. Precisamos colocar um dreno. Estamos esperando isso para fazer a cirurgia. Disseram que está faltando material”, disse o morador do município de São José, no interior do RN.
Uma técnica de enfermagem que trabalha no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) afirmou à reportagem que o maior hospital público do estado continua com a lotação máxima: “Está tudo do mesmo jeito”.
No Pronto-Atendimento Clóvis Sarinho, diversas ambulâncias estavam estacionadas por falta de macas, impedindo a chegada de outros pacientes e aumentando o tempo de espera daqueles que necessitam de atendimento urgente.
Um motorista do Transporte Sanitário da Prefeitura do Natal informou que as macas ficam retidas no setor até que os pacientes sejam realocados. Relatos apurados pela reportagem apontam que aproximadamente 15 macas estavam retidas com pacientes, enquanto 24 pessoas estavam aguardando atendimento na recepção do hospital durante a manhã desta segunda 7.
Romero Barbosa, um dos condutores do Serviço de Atendimento do Município de Nísia Floresta, disse que estava no local há mais de duas horas na expectativa de que o paciente fizesse um exame de tomografia. Ao sair da unidade de saúde, ele relatou que “os dois corredores cheios esperando atendimento”.
Procurada, a Sesap admitiu que os corredores continuam lotados de pacientes. “Esse fato nunca foi negado. Desde meados de junho que o hospital registra uma alta de atendimentos”, diz a secretaria.
A Sesap também reiterou que a resposta requisitada pelo juiz sobre a liberação dos corredores já havia sido enviada na manhã desta segunda-feira 7. Em nota, a pasta informou que “as equipes da Sesap e do Hospital Walfredo seguem trabalhando para agilizar ao máximo a realização de cirurgias, atendimentos e transferências de pacientes”.