17/11/2020 | 07:09
A cena local do rap é crescente. De uns anos para cá, muitos artistas saíram de batalhas de rimas pequenas para grandes palcos, com o suporte de músicas autorais bastante elaboradas – mesmo com orçamentos mínimos. É assim que resiste a cultura do hip hop, das periferias aos prédios, com um trabalho admirável, plural e de referência.
Aos 22 anos, o fotógrafo natalense Emanuel Fernandes, mais conhecido como Emanuismo, já é considerado um ícone da fotografia de hip hop em todo o estado. Isso porque ele trabalha ativamente na produção audiovisual de rappers locais, dirigindo a fotografia de clipes e fazendo ensaios para ajudar a promover a divulgação dos artistas – muitas vezes de graça, em um ato nobre de apoio.
Quando criança, Emanuel foi incentivado pelo pai a participar de um concurso de desenho, mediado por Mauricio de Sousa. O cartunista criador da “Turma da Mônica” escolheu a colagem do pequeno natalense como vencedora e, como prêmio, ele ganhou uma câmera digital. Esse foi o pontapé inicial para uma carreira profissional brilhante.

“Estudei na Escola Agrícola de Jundiaí e lá pude perceber com mais força a minha paixão por fotografia. Iniciei com paisagens, depois gravava vídeos nas excursões que fazíamos em grupo. No fim de 2018, voltei a fotografar gente, tudo por causa dos meus amigos”, contou. Foi nesse período que Emanuel começou a frequentar a batalha de MC’s da Cohabinal, em Parnamirim.
Durante as batalhas, ele retratava a empolgação das pessoas com o evento sob o olhar das próprias lentes e acabou fazendo várias amizades dentro da cena criativa. “A produtora Nav.noar me acolheu nesse processo. Também fui incentivado por Haran Nobre e pelo meu padrinho Wilton Barbosa. Sou grato e feliz por ter muitas inspirações”, afirmou.
Emanuismo acredita que o contexto artístico local é rico, mas que ainda precisa ser valorizado. “A galera que está fazendo rap hoje vai começar a se destacar porque é natural: quando outras pessoas botam fé, todos nós conseguimos reconhecimento. O rap já foi desacreditado e agora está ganhando espaço. Confio no potencial, só precisamos de mais investimentos”.
Entre os projetos para o futuro, o jovem pretende agregar outros artistas ao trabalho dele. “Quero sair da minha bolha e conhecer gente nova”, disse. No momento, está produzindo sozinho um documentário sobre o rap em Natal. “Entrevistei vários produtores e rappers para que o material represente com verdade a nossa realidade”, pontuou.
“Se você acredita no seu sonho, siga em frente. Alguns vivem dizendo que a gente precisa ser médico ou advogado pra ser feliz, mas a gente só precisa amar. O dinheiro vem como uma consequência da dedicação, do carinho e do afeto que você deposita nos seus propósitos. Não podemos parar, compartilhar a nossa arte é uma forma de fazer a nossa voz ser ouvida. A mudança efetiva vem mais fácil quando acontece uma luta conjunta”.
