A redução de voos para Natal acendeu um alerta no setor turístico do Rio Grande do Norte. A retirada de rotas operadas pela Azul e Latam reforça a necessidade de ações estratégicas para manter e ampliar a malha aérea da cidade. De acordo com George Costa, presidente da Câmara Empresarial de Turismo da Federação do Comércio (Fecomércio-RN), a única forma de garantir a ampliação das conexões é aumentar a demanda e tornar Natal um destino mais desejado por turistas.
“Só temos avião se formos desejados. Existem dois caminhos para aumentar a oferta de voos: o primeiro é o crescimento do mercado local, para que as companhias tenham mais passageiros para transportar. O segundo é a promoção do Rio Grande do Norte como destino turístico, despertando o interesse de visitantes”, afirmou George Costa.
No final de janeiro, a Latam anunciou o cancelamento do voo direto entre o Rio de Janeiro e Natal, enquanto a Azul desativou as rotas para Fernando de Noronha e Mossoró. Segundo Costa, a saída desses voos reflete uma estratégia global das empresas, mas também demonstra a necessidade de tornar o destino mais competitivo.
“A Azul, por exemplo, cortou voos em mais de dez cidades do Nordeste como parte de uma reestruturação. Já a Latam reduziu a oferta no Rio de Janeiro, um mercado muito importante para Natal. Perder assentos nunca é bom, e a solução passa pelo fortalecimento do turismo para manter a ocupação das aeronaves e justificar novas operações”, explicou.
Promoção turística como fator decisivo
George Costa destacou que a promoção contínua do destino é fundamental para atrair mais voos. “Os concorrentes fazem isso de forma permanente, e se Natal não for promovida, perde espaço. Não adianta apenas melhorar a infraestrutura se as pessoas não souberem que o destino existe e o que ele tem a oferecer”, pontuou.
Para o setor, a criação de novos atrativos e melhorias na infraestrutura também são peças-chave. “A engorda da praia de Ponta Negra trouxe impactos positivos e tende a aumentar o tempo de permanência e o gasto médio do turista. Mas é preciso continuar investindo em novos projetos, pois daqui a um ano esse diferencial já não será novidade”, avaliou Costa.
A Fecomércio-RN projeta um incremento na arrecadação com a alta do turismo em 2025. Segundo levantamento da entidade, Natal deve arrecadar cerca de R$ 10 milhões a mais em cota-parte do ICMS, refletindo o aumento da atividade econômica gerada pelo setor.
Negociações para ampliação da malha aérea
O Governo do Estado tem buscado diálogo com companhias aéreas para ampliar a oferta de voos. Segundo George Costa, reuniões com a Secretaria de Turismo têm debatido alternativas para fortalecer a malha aérea.
“No Carnaval, por exemplo, teremos um acréscimo de 22 voos da Azul, demonstrando que existe interesse das companhias em ampliar as operações quando há demanda. Esse é um movimento natural da alta estação, mas o desafio é manter esses voos ao longo do ano”, afirmou.
Além da promoção do destino, outra estratégia envolve incentivos para as empresas aéreas. Atualmente, estados vizinhos como Ceará e Pernambuco concedem benefícios fiscais que tornam os custos operacionais mais competitivos, o que pode ser um fator determinante para a escolha das rotas.
Para 2026, a expectativa do setor é consolidar o Carnaval de Natal como atrativo nacional, aumentando a ocupação hoteleira e fortalecendo a movimentação turística. “A cidade já tem polos de festa e eventos na orla, mas ainda não é vista como um destino carnavalesco. A divulgação antecipada e a criação de atrativos são fundamentais para mudar essa percepção”, ressaltou George Costa.