O tenente-coronel Mauro Cid afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira 9, que o ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que recebesse o hacker Walter Delgatti Neto e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para discutir possíveis fraudes nas urnas eletrônicas.
Segundo Cid, a reunião entre Bolsonaro e Delgatti foi articulada por Zambelli e ocorreu no Palácio da Alvorada. Na ocasião, o ex-presidente teria buscado informações técnicas sobre como as urnas poderiam ser fraudadas e como detectar eventuais irregularidades.

Após o encontro, Bolsonaro teria orientado que a deputada e o hacker fossem recebidos no Ministério da Defesa para aprofundar o debate. Cid confirmou que o segundo encontro aconteceu, mas disse não saber se Paulo Sérgio participou da reunião.
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Durante o depoimento, Mauro Cid também declarou que, mesmo após estudos realizados após as eleições de 2022, não foi encontrada nenhuma evidência de fraude no sistema eletrônico de votação.
O interrogatório de Cid marca o início da oitiva dos réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro. Ao todo, oito réus ainda serão ouvidos, entre eles o próprio ex-presidente e ex-ministros como Anderson Torres, Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Alexandre Ramagem.
Na mesma investigação, a deputada Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão foi mantida por unanimidade pela Primeira Turma do STF na última sexta-feira 6. No sábado 7, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o Ministério da Justiça formalize o pedido de extradição da parlamentar, que está na Itália.