Mesmo sem mandato desde 2015, o ex-deputado federal e ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PSB) segue se movimentando nos bastidores da política em busca de benefícios para o Rio Grande do Norte. Segundo ele, sua atuação tem como objetivo “construir pontes” em prol do Estado junto aos amigos que fez em Brasília durante seus 11 mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados.
O ex-presidente da Câmara parece não se inibir com a falta de mandato ou de cargo no governo. Após 44 anos fazendo a ponte Natal-Brasília, tempo que atuou como parlamentar pelo RN, Henrique conhece os caminhos e as pessoas com quem pode contar para conseguir benesses para o estado. E é isso que o ex-deputado tem feito, segundo ele, independentemente de bandeira partidária.
A última aparição de Henrique na capital federal foi na semana passada, quando se reuniu, na sexta-feira 7, com o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro. O tema principal do encontro foi a duplicação da Reta Tabajara, obra que se arrasta há anos. “Uma demora absurda!”, diz Henrique.
Após o encontro, o ex-ministro aproveitou para anunciar em suas redes sociais a vinda do ministro dos Transportes, Renan Filho, ao Rio Grande do Norte. O auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitará o estado no próximo dia 28 para entregar 4,5 km de rodovia, o que inclui o viaduto da rotatória – na BR-226 com a BR-304 – e um novo trecho que interliga o município de Macaíba ao Aeroporto Internacional Aluízio Alves.
Após essa reunião com Santoro, Henrique também anunciou que os 3 km restantes da duplicação da Reta Tabajara serão licitados no segundo semestre deste ano. “A Reta Tabajara custará, com acréscimos, R$ 180 milhões. O RN precisa de união e somar forças. Vamos acompanhar e cobrar”, escreveu.
Esse tem sido o tom das últimas declarações públicas de Henrique, sempre cobrando união da bancada do RN e condenando o radicalismo político. Para ele, esse é o momento de todos se unirem em busca de melhorias para o Estado que o elegeu 11 vezes para a Câmara dos Deputados.
“Sempre ajudar, somar, construir pontes para um RN tão carente nesse quadro nordestino de hoje. Em Brasília tenho amigos de uma vida, uma história de lutas. E se eles podem hoje fazer pelo meu estado, pelas posições honrosas que ocupam, estarei batendo as suas portas. Com mandato ou não, minha relação com o RN é de profunda gratidão. Tem muito RN pela frente”, disse Henrique ao AGORA RN.
A atuação de Henrique tem chamado atenção da classe política do RN. Conhecedor dos caminhos de Brasília, Henrique sabe quais portas deve bater para destravar os recursos necessários para a execução de obras que impulsionem o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. “Me sinto feliz assim”, afirma.
Foi assim que ele agiu, também no mês passado, quando se reuniu com o ministro das Cidades, Jader Filho, ao lado dos prefeitos de Natal Álvaro Dias e de Parnamirim Rosano Taveira, para discutir políticas públicas para a população.
Henrique afirma que tem ido a Brasília para atender a pedidos de “companheiros”, sem qualquer restrição. Durante esses meses de governo Lula, visitou alguns ministérios e tratou de pautas variadas em favor dos municípios e do estado.
Para Alves, o foco da bancada do Rio Grande do Norte agora deve ser a duplicação da BR-304, rodovia que corta o RN e liga as duas maiores cidades do estado: Natal e Mossoró. “R$ 4 bilhões é o custo da obra. Todos devem estar juntos, porque a luta é grande. Mas venceremos. O ministro Renan Filho (Transportes) é um aliado nesse caminho”, afirma.
Henrique elogia Rafael Motta e Agripino por atuações em favor do RN
O ex-ministro Henrique Alves também fez questão de destacar o trabalho realizado pelo também ex-deputado Rafael Motta, presidente do PSB no RN e do ex-senador José Agripino, presidente do União Brasil no RN. Assim como Henrique, os dois ex-mandatários seguem viajando a Brasília ao lado de prefeitos e se reunindo com parlamentares e ministros para discutir projetos de interesse do estado potiguar.
“Lembro por questão de Justiça: outros também assim se comportam. O ex-deputado Rafael Motta e o ex-senador José Agripino. Sabemos que a força maior e natural é da governadora Fátima e também da bancada federal, mas nesse Brasil que vivemos, de reconstrução, quem puder ajudar o RN que se dê as mãos”, pontua Henrique.
Ele destacou ainda outros projetos que necessitam de união para que sejam destravados, a exemplo da engorda de Ponta Negra e do Hospital Municipal de Natal. “São pautas urgentes”, disse.
“Radicalismo na lata do lixo”
O ex-presidente da Câmara dos Deputados fez uma rápida análise do contexto político no país tomando como base a campanha presidencial do ano passado. Para ele, a esquerda teve como candidato “seu melhor e maior líder”, o presidente Lula.
Ele destaca, no entanto, que apesar do radicalismo que se instalou na política brasileira nos últimos anos, o país não é majoritariamente nem de direita nem de esquerda, mas sim de centro, que foi o espectro responsável por decidir a eleição, na opinião dele.
“Nenhum candidato alcançou a maioria absoluta no primeiro turno, ou seja, o Brasil não é majoritariamente extrema direita desenhada nem esquerda apresentada. Foi necessário o segundo turno e aí, aceitem ou não, o centro democrático decidiu a eleição”, avalia.
“E o presidente Lula, por questões óbvias e sua imensa liderança histórica, foi buscar [o centro] em nome da democracia ameaçada”, complementa.
O ex-deputado finaliza pregando o bom senso entre todos os atores políticos em nome de uma pacificação do país. “E radicalismo na lata do lixo! Esse é o Brasil pelo qual eu torço. Esperançar é o chamamento de paz”, conclui.
