O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, defendeu que o Governo do Estado contrate cirurgias em hospitais privados para desafogar a pressão sobre o Hospital Walfredo Gurgel, que vive um quadro de superlotação.
“De urgência, eu faria uma aliança com os hospitais privados que realizam cirurgias pelo SUS, transferindo as 150 cirurgias por mês que hoje sobrecarregam o Walfredo. Bastava um mês para desocupar as salas de cirurgia e desafogar o hospital”, afirmou ele, em entrevista à 98 FM. “Eu faria uma aliança com o setor privado, sem dúvida nenhuma. Esse seria o caminho, para desafogar de imediato”, propôs.
Nas últimas semanas, o Governo do Estado tem proposto criar um novo pronto-socorro ortopédico na Grande Natal. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), o serviço seria voltado a pacientes de baixa e média complexidade, que respondem por 70% dos casos que chegam ao Walfredo na área de ortopedia.
Esse novo hospital seria instalado em Parnamirim, São Gonçalo do Amarante ou Parnamirim, ao custo de R$ 900 mil por mês.
A proposta do Governo do Estado é pagar 40% do custo, com os 60% restantes divididos pelos seis municípios da Grande Natal que mais enviam pacientes para o Walfredo Gurgel. A proposta tem irritado prefeitos. A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) já se posicionou contra, alegando que as prefeituras não têm condições financeiras de arcar com mais responsabilidades na saúde.
Geraldo Ferreira sugeriu ainda que a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) deveria pressionar o Ministério da Saúde para financiar projetos que poderiam resolver rapidamente o problema, como mutirões de cirurgias eletivas.
“Tenho a impressão, posso estar equivocado, de que o governo estadual tem poupado muito o Governo Federal. O governo tem projetos de mutirões ou repasses para essas cirurgias. Eles têm programas especiais para isso. Agora, me parece que a rede burocrática estadual não tem tanto trânsito em Brasília”, relatou.
HISTÓRICO. O problema de superlotação no hospital Walfredo Gurgel é histórico e já foi denunciado por políticos, funcionários e órgãos públicos em diversas ocasiões. No último dia 15, cerca de 56 pacientes estavam acomodados nos corredores devido à falta de locais adequados. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde-RN), 108 pacientes chegaram a ficar internados em leitos improvisados no pronto-socorro.
No mês passado, o Walfredo Gurgel fechou quatro das seis salas de cirurgia para abrigar pacientes internados. Além disso, o hospital público estava com dois tomógrafos quebrados. Assim como no mês de agosto, quando 49 pacientes ficaram no corredor do pronto socorro e 26 na sala de recuperação, três salas do centro cirúrgico foram bloqueadas com pacientes dentro porque não havia leito disponível.
O segundo andar do hospital está recebendo uma obra, o que também reduziu leitos disponíveis na unidade. Com um investimento superior a R$ 9 milhões, está sendo construído um novo centro cirúrgico e estão sendo recuperados leitos. No dia 18, a Sesap informou que a obra ficaria pronta até o fim de novembro, o que representaria o incremento de 39 leitos no hospital de imediato.