Digna de roteiro cinematográfico, nesta quinta-feira 14, a fuga de Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva do Presídio Federal de Mossoró, no Oeste potiguar, completa um mês. Foi a primeira registrada em uma unidade de detenção de segurança máxima em território nacional. E mesmo com forte aparato das forças de segurança, envolvendo as polícias Militar do RN, Federal, Rodoviária Federal e também Força Nacional em operações constantes, a dupla continua desaparecida. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirma que evidências apontam que a dupla ainda esteja no perímetro que compreende a cidade de Baraúna e a unidade prisional.
Até o momento, as forças militares seguem em busca da dupla. Eles fugiram do presídio de Mossoró na madrugada do dia 14 de fevereiro e são suspeitos de ter ligação com o Comando Vermelho, mesma facção de Fernandinho Beira-Mar, que estava preso na mesma unidade. A relevância do fato trouxe o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ao Rio Grande do Norte duas vezes. A última, ontem 13, quando se reuniu com integrantes das forças policiais que lideram a procura pelos criminosos.

Mesmo depois de um mês de procura pelos fugitivos, o ministro afirmou que a estratégia utilizada será mantida. “Ela está sendo aperfeiçoada no sentido de que a parte de investigação é extremamente sofisticada e está chegando a conclusões que auxiliam no sentido de termos ideia aproximada de onde estão os fugitivos, mas também estamos localizando toda a rede de apoio. Este é o resultado da investigação que está sendo feita pela PF”, afirmou durante entrevista coletiva.
Segundo o ministro, a suspeita é de que os foragidos ainda estejam em regiões próximas à penitenciária. “Temos uma convicção, baseada em indícios, são impressões completas que os agentes têm, que eles estão entre Baraúna e a penitenciária de Mossoró”, disse.
Recentemente, o AGORA RN questionou a respeito dos custos de toda a operação, mas a Pasta omitiu informações. Lewandowski voltou a desconversar sobre os custos durante a coletiva de imprensa.
“Os valores são variáveis. Cada força envolvida tem um orçamento. Os estados que estão colaborando aqui, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco arcam com estes custos. Estamos tendo um exemplo de como está sendo feita uma operação interfederativa muito bem sucedida. Uma cooperação dos estados preocupados com a segurança pública da região. São valores que temos que operar ainda, que fazem parte do orçamento da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Ministério da Justiça”, comentou.
Antes, Lewandowski visitou Mossoró no dia 17 de fevereiro. Um dia após a fuga, o ministro chegou a relacionar a fuga ao período de carnaval. “A fuga ocorreu numa terça-feira de Carnaval. Na passagem da terça para a quarta-feira de cinzas. Onde as pessoas estavam mais relaxadas, como costuma ocorrer nesse momento”, disse a jornalistas.
Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33 anos, são do Acre e foram transferidos para Mossoró em setembro do ano passado. Eles se envolveram em uma rebelião em um presídio de segurança máxima e foram transferidos para o Rio Grande do Norte.
Meses depois, se tornaram personagens da primeira fuga em um presídio de segurança máxima no Brasil. De acordo com uma perícia realizada pela Polícia Federal, os criminosos escaparam ao perfurar um buraco com objetos metálicos próximos a uma luminária dentro da cela e saíram pelo shaft de manutenção. Ainda de acordo com a perícia, eles se deslocaram por um espaço que interliga as celas, acessaram o telhado do presídio e desceram usando um poste de luz. Eles estavam em celas separadas, uma ao lado da outra.
Em seguida, chegaram a um local onde há um canteiro de obras próximo ao alambrado do presídio e pegaram ferramentas para cortar a cerca por onde escaparam. Conforme a análise feita pela PF, eles percorreram 75 metros do poste em que desceram até o local da fuga, na cerca. Ainda segundo a perícia, os refletores mais próximos ao local da fuga estariam desligados, já que o disjuntor estava desativado e os refletores externos mais próximos da área de fuga não funcionam, o que teria dificultado que a dupla fosse vista. A fuga, que aconteceu por volta das 3h, só teria sido identificada duas horas depois.
Busca aos criminosos virou caçada sem precedentes e levou seis à prisão
Desde então, uma verdadeira caçada foi promovida para encontrar os criminosos. Inicialmente, com a Polícia Federal e também com as forças de segurança do Estado. Em seguida, chegaram homens da Força Nacional. São mais de 600 agentes envolvidos na busca pelos criminosos. A Polícia Federal anunciou uma recompensa de até R$ 30 mil por informações que levem à captura dos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró. A recompensa é de R$ 15 mil para cada foragido. Até agora, seis já foram levados à prisão por ajudar os criminosos.
Segundo a coluna Na Mira, do site Metrópoles, policiais ampliaram a busca no perímetro de Baraúna e chegaram a vistoriar cerca de 120 casas. A suspeita é de que Deibson Nascimento e Rogério Mendonça estariam abrigados em algum imóvel na região. Há a suspeita de que eles estejam próximos ao Parque Nacional da Furna Feia, conhecido por uma grande quantidade de cavernas, o que dificultaria a localização.
Além de helicópteros e drones, as buscas foram reforçadas com cães farejadores. Nesta semana, os governos de São Paulo e do Rio de Janeiro enviaram cães farejadores para a força-tarefa de Mossoró. Do Rio veio uma cadela e três especialistas do canil dos Bombeiros. De São Paulo, vieram dois cães e quatro agentes da Secretaria de Administração Penitenciária. Desde o início do mês um pastor-belga-malinois chamado Fúria veio do Mato Grosso e trabalha em busca dos criminosos. Especialistas apontam que o pedido por cães indica que a força-tarefa traçou um raio curto, de menos de 10 quilômetros para localizar os fugitivos. Até o momento, sem sucesso.