O presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte (CES-RN), Francisco Canindé, reconheceu a gravidade de problemas na saúde pública estadual, mas rejeitou o uso de termos como “caos” para descrever a situação. Canindé afirmou que a saúde do Estado enfrenta dificuldades graves, como a crise gerada pela superlotação no Hospital Walfredo Gurgel, referência em casos de urgência e emergência no RN, mas ressaltou o trabalho feito em diversas unidades de saúde.
“O Walfredo Gurgel não é um problema. Ele é uma solução. Lá, temos os melhores profissionais à disposição da nossa população, contamos com uma estrutura de equipamentos que, aliada à atuação desses profissionais, salva muitas vidas. Muitas vezes, dá-se a impressão de que o Walfredo é um lixo, é algo inoperante e que não merece o reconhecimento da nossa população. Digo isso com muita convicção, como usuário da saúde: o Walfredo Gurgel merece aplausos e reconhecimento”, afirmou.
Segundo Francisco, classificar a situação atual do hospital de caos é “exagerado” e que, apesar das muitas dificuldades, muitas das críticas à saúde estadual não refletem a realidade total dos serviços prestados. “Nós temos profissionais competentes e equipamentos adequados, como no Hospital Walfredo Gurgel. Mesmo diante das limitações, é fundamental reconhecer as boas práticas realizadas na rede pública de saúde”.
Ele também mencionou os desafios orçamentários enfrentados pelas gestões públicas, destacando que o orçamento da saúde no Estado, embora abaixo do necessário, tem sido aplicado dentro do que permite a legislação. “É preocupante que, na última prestação de contas, o estado tenha aplicado apenas 9,8% do orçamento na saúde, quando o mínimo é 12%. Isso reflete as dificuldades financeiras, mas não podemos fechar os olhos para o que já foi feito”, alertou Francisco.
O presidente do CES/RN ainda criticou a falta de fiscalização e transparência nos processos orçamentários. “A Assembleia Legislativa não tem cobrado de forma eficiente as prestações de contas da saúde. É obrigação dos deputados fiscalizar e cobrar mais clareza e eficiência. É dinheiro do povo e precisa de total transparência. Pergunto: por que os senhores deputados estão se omitindo? É obrigação deles cobrar e fiscalizar. Eles precisam responder a essa questão”.
ATENÇÃO PRIMÁRIA. Francisco Canindé também falou sobre a importância da atenção primária à saúde e os benefícios de ações preventivas. “Cerca de 80% dos casos de doenças que afetam a população podem ser resolvidos na atenção primária. Isso pode ser feito com ações simples, como acompanhar e praticar atividades físicas. A saúde não deve ser tratada apenas em emergências ou hospitais, mas sim na prevenção”, enfatizou.“Falta, sim, medicamentos e insumos em alguns lugares, mas precisamos considerar os avanços”, disse.