A deputada federal Carla Dickson (União Brasil) criticou a falta de atenção dos parlamentares durante discursos no plenário da Câmara dos Deputados. Em entrevista, a deputada afirmou que a desatenção generalizada transforma as falas dos parlamentares em meras formalidades para registro oficial.
“Eu já fui professora, gente. Qual é a professora que quer falar e os meninos todos conversando? Eu botava tudo para fora de sala”, comparou a deputada ao relatar sua frustração ao discursar enquanto outros parlamentares conversam entre si. “No plenário, você fala e ninguém presta atenção. Eu prefiro falar quando está vazio, no início ou no fim dos breves comunicados, porque aí, pelo menos, fica registrado”, disse a deputada do RN.
!["Discursar na Câmara é falar para ninguém", desabafa deputada do RN Carla Dickson (34)](https://agorarn.com.br/files/uploads/2025/01/Carla-Dickson-34-830x468.jpg)
Carla Dickson afirmou que essa falta de interesse já era sentida desde seu primeiro mandato, quando atuava como vice-líder do governo Bolsonaro. Na época, enfrentava embates frequentes com a oposição, especialmente durante a pandemia. “Eu estava lá para blindar o presidente nas comissões. Era pancada o tempo todo. Mas, pelo menos nas comissões, há o olho no olho, dá para prestar atenção. No plenário, ninguém liga”, declarou.
A deputada do RN também afirmou que a experiência na Câmara dos Vereadores de Natal foi similar. “No meu primeiro discurso lá, eu falei: ‘Gente, presta atenção’. Depois eu entendi que aquilo ali era para a televisão”, comentou.
Ao voltar para Brasília após assumir o mandato com a saída de Paulinho Freire para a Prefeitura de Natal, Carla Dickson disse estar em uma posição mais confortável na oposição. “Antes, como vice-líder do governo, as pancadas eram muito mais fortes. Agora, a gente não precisa fazer muito esforço, o atual governo está dando material para a gente de graça”, afirmou.
A parlamentar defendeu que o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), resgate o rigor do regimento interno e impeça que projetos sejam votados sem discussão. “Ele está querendo fazer valer o regimento da Casa, porque antes qualquer um chegava e já pedia urgência, sem debate, sem nada”, concluiu.