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Saúde

CREMERN alerta para a grave situação da saúde pública potiguar

Crise afeta hospitais públicos, regularidade dos pagamentos a profissionais terceirizados e o abastecimento de insumos essenciais
Redação
29/01/2025 | 05:21

O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (CREMERN) alertou para os sérios problemas enfrentados pela saúde pública do estado, durante entrevista concedida pelo presidente da entidade, Dr. Marcos Jácome, à rádio 94 FM nesta segunda-feira 28. A crise afeta hospitais públicos, a regularidade dos pagamentos a profissionais terceirizados e o abastecimento de insumos essenciais.

“Hoje, para oferecer uma saúde pública de qualidade, especialmente em hospitais como o Walfredo Gurgel e o Tarcísio Maia, em Mossoró, é muito difícil. A falta de insumos, aliada à irregularidade no pagamento de terceirizados, compromete diretamente o atendimento à população”, destacou o presidente do CREMERN.

Entre os problemas apontados, Dr. Jácome ressaltou o atraso de mais de seis meses nos pagamentos de médicos contratados por meio de cooperativas, como a Copimed. “É incabível que profissionais fiquem meses sem receber seus salários. Isso afeta não só os trabalhadores, mas também a qualidade do serviço prestado”, afirmou.

O CREMERN realizou fiscalizações recentes no Hospital Walfredo Gurgel, maior unidade de urgência e emergência do estado, e no Hospital dos Pescadores, em Natal. No Walfredo, foi identificado que o setor de endoscopia digestiva precisou ser realocado após um desabamento no teto, e o déficit de escalas na cirurgia geral devido a atrasos salariais só foi regularizado após ações emergenciais.

Já no Hospital dos Pescadores, a equipe constatou desabastecimento de insumos básicos, como soro fisiológico, além de superlotação. “Pacientes permaneciam horas sentados em cadeiras tomando soro, uma situação desumana e inaceitável”, disse Dr. Jácome.

Outro ponto abordado foi o impacto da transição de governos municipais no início do ano. “Em alguns casos, prefeitos que deixam a gestão deixam também dívidas, e os novos gestores alegam não poder arcar com os débitos herdados. Essa falta de continuidade prejudica ainda mais a assistência à população”, explicou o presidente do CREMERN.

O CREMERN também tem acompanhado as ações judiciais relacionadas à saúde. “Estamos em contato com a Procuradoria do Trabalho para tratar da responsabilidade de gestores em manter a regularidade de pagamentos. É essencial garantir que os serviços de saúde funcionem sem interrupções, e para isso os profissionais precisam ser remunerados em dia”, afirmou.

Além disso, o Conselho destacou avanços na assistência ao pé diabético, um dos problemas crônicos enfrentados no estado. Em parceria com a Justiça Federal, o CREMERN promoveu capacitações para mais de 200 profissionais em Natal e Mossoró. “O objetivo é reduzir o índice alarmante de amputações no estado e estruturar a assistência em cidades-polo, como Pau dos Ferros e outras regiões”, detalhou Dr. Jácome.

O presidente também enfatizou que, embora haja esforços isolados para melhorar o atendimento, a falta de políticas públicas efetivas e a ausência de planejamento comprometem os avanços. “O CREMERN continuará fiscalizando e cobrando providências para garantir o mínimo de dignidade à população que depende da saúde pública no Rio Grande do Norte”, finalizou.

A crise na saúde pública do estado, segundo o CREMERN, exige ações coordenadas entre os gestores estaduais e municipais para assegurar a regularidade nos pagamentos, o abastecimento de insumos e a infraestrutura adequada nos hospitais.

Marcos Jácome: “É incabível que profissionais fiquem meses sem receber salários; isso afeta a qualidade do serviço” / Foto: Reprodução
Marcos Jácome: “É incabível que profissionais fiquem meses sem receber salários; isso afeta a qualidade do serviço” / Foto: Reprodução
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