Uma pesquisa divulgada pela Quaest nesta sexta-feira 17 revelou que 67% dos brasileiros acreditam que o governo federal planejava implementar uma taxação sobre transações financeiras realizadas pelo Pix. Essa percepção surgiu após a polêmica em torno de uma norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento de movimentações financeiras, incluindo as realizadas por meio do sistema.
A instrução normativa, que foi anunciada em dezembro de 2024, determinava que transferências acima de R$ 5 mil para pessoas físicas ou de R$ 10 mil para pessoas jurídicas deveriam ser informadas à Receita Federal. A medida gerou grande repercussão negativa, com temores de aumento de impostos ou vigilância excessiva sobre as operações bancárias da população.
De acordo com a Quaest, a norma gerou um aumento nas menções negativas ao governo federal nas redes sociais, saltando de 54% para 86% no período. O receio de que a medida pudesse culminar em uma taxação direta sobre o Pix dominou as discussões públicas e levou ao recuo do governo.
Leia também: “População não acredita no governo”, diz Rogério Marinho sobre regra do Pix
“Vamos revogar o ato da Receita que mudou valores para monitoramento de movimentações financeiras. Pessoas inescrupulosas distorceram e manipularam o ato normativo da Receita Federal, prejudicando milhões de pessoas e causando pânico, principalmente na população mais humilde”, afirmou o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, ao anunciar o cancelamento da medida.
A pesquisa também apontou que a maneira como a questão foi conduzida prejudicou a credibilidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Analistas políticos avaliam que houve erros no “timing” político, no diagnóstico da situação e na estratégia de comunicação com a sociedade.
O impacto da norma não foi apenas nas redes sociais. A oposição aproveitou o momento para criticar o governo, argumentando que a medida refletia uma tentativa de aumentar o controle estatal sobre as finanças pessoais. Mesmo após o recuo, o governo enfrenta o desafio de esclarecer o objetivo original da medida e reconquistar a confiança do público.
Especialistas reforçam que a norma visava apenas ampliar o monitoramento para prevenir crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e evasão fiscal, sem relação com taxações. Ainda assim, a narrativa de um possível imposto sobre o Pix foi amplamente disseminada, gerando desinformação e amplificando a crise de imagem.
Com o recuo, o governo tenta mitigar os danos políticos e reforçar a importância de discutir medidas de forma mais clara e transparente, evitando interpretações errôneas que podem abalar a confiança popular.