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Literatura

Potiguar Tony Lucas é semifinalista de concurso nacional de literatura promovido pelo TikTok

Autor está entre os 150 semifinalistas do “Livros do Futuro”, com romance de suspense ambientado no Rio Grande do Norte
Belita Lira
06/10/2025 | 08:32

O jornalista e escritor potiguar Tony Lucas foi selecionado como um dos 150 semifinalistas do concurso nacional “Livros do Futuro”, promovido pelo TikTok em parceria com as editoras Record (Galera), Globo (ALT) e Harper Collins. A competição recebeu inscrições de todo o país e classificou 50 obras em cada uma das três categorias: Romance Jovem Adulto, Suspense e Fantasia.

Tony concorre na categoria Suspense com o romance “Sina”, ambientado no Rio Grande do Norte. A obra mistura thriller psicológico e elementos sobrenaturais, acompanhando a história de Samuel, um homem gay que retorna ao sítio da infância dez anos após o pai cometer uma chacina e atentar contra a própria vida. O reencontro é marcado por uma sequência de assassinatos, sonhos perturbadores e fenômenos estranhos que o fazem questionar a própria sanidade.

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Tony Lucas está entre os 150 semifinalistas do “Livros do Futuro”, com romance de suspense ambientado no Rio Grande do Norte - Foto: cedida

Entre suspeitas da comunidade e vozes do passado, o personagem encontra no tarot e na mediunidade familiar as chaves para compreender o destino. Segundo o autor, “Representar o Rio Grande do Norte nesse projeto é uma alegria imensa. ‘Sina’ nasce de um olhar nordestino sobre o próprio Nordeste, sem caricaturas, com emoção e complexidade. É uma forma de mostrar que nossas histórias também são universais”.

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Romance “Sina”, ambientado no Rio Grande do Norte – Foto: cedida

A segunda etapa do concurso consiste na produção e publicação de vídeos no TikTok, que serão submetidos à votação popular no site oficial da iniciativa (www.livrosdofuturo.com). A votação ocorre entre 1º e 11 de outubro e definirá os 20 finalistas de cada categoria. Na fase seguinte, os finalistas deverão enviar os manuscritos completos, que serão avaliados por um júri especializado. Os vencedores — um em cada categoria — serão anunciados em 12 de janeiro de 2026 e terão suas obras publicadas pelas editoras parceiras, além de receberem R$ 10 mil e apoio financeiro para marketing e divulgação.

Tony é mestrando em Estudos da Mídia pela UFRN, onde desenvolve pesquisa sobre a representação do Nordeste no BookTok, comunidade literária do TikTok que inspirou a criação do concurso. Para ele, a presença no projeto une sua trajetória acadêmica e literária: “Eu pesquiso o TikTok, né? Pro mestrado. Tenho uma pesquisa ativa sobre o BookTok, então tô sempre por dentro. Quando chegou a notificação do concurso, fiquei naquela dúvida se tentava, porque estava com muita demanda, mas decidi mandar a sinopse no último dia. Fiquei surpreso quando passei.”

Segundo o autor, o processo criativo de Sina surgiu de inquietações sobre a forma como o Nordeste é retratado na mídia. “Eu queria escrever uma história tipicamente nordestina, que as pessoas lessem e sentissem que esse é o Nordeste. Só que um Nordeste diferente, porque eu trago elementos do terror e do suspense. Eu nunca vi uma história de terror que se passasse no Nordeste”, afirmou.

Tony explica que buscou unir representatividade regional e LGBTQIA+ em um gênero ainda pouco explorado. “O meu protagonista é LGBT. A ideia de escrever ‘Sina’ partiu muito dessa falta de representatividade — seja do Nordeste, seja de nordestinos LGBT — principalmente no gênero de suspense, horror e sobrenatural. E o fato dele ser tarólogo também é algo que eu nunca vi.”

O autor cita referências como os filmes A Herança, Pânico, Hereditário e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, além do livro Objetos Cortantes, de Gillian Flynn. “O ‘Sina’ é muito sobre encarar o passado e temer o futuro. As pessoas na vida do Samuel acreditam que ele vai seguir os passos do pai assassino. O romance brinca com a ideia do destino: será que a gente tem livre-arbítrio?”, explica.

Tony conta que sua relação com a literatura começou na infância, com o incentivo da mãe. “Eu me lembro que quando eu era criança, minha mãe lia para mim algumas histórias. Depois comecei a ler gibis da Turma da Mônica. Isso foi alimentando a vontade de ler. Desde a pré-adolescência, eu já lia bastante coisa.”

Ele relata que iniciou sua trajetória na internet em 2011, com um blog que, a partir de 2013, passou a ser dedicado à literatura. “Eu resenhava livros, tinha parceria com autores e editoras, recebia livros para resenhar. E conforme eu escrevia sobre as obras das outras pessoas, vinha batendo aquela vontade de também escrever”, contou.

Após experiências com contos e poesia, Tony ingressou em Jornalismo na UFRN, em 2018, e voltou sua escrita para o campo acadêmico. “Participei da antologia ‘Jornalismo Potiguar’, assinada pela professora Socorro Veloso. A partir daí, comecei a focar mais em textos relacionados à faculdade, mas a literatura nunca saiu de mim.”

Ele ressalta o papel de professores e colegas. “A professora Socorro Veloso sempre esteve do meu lado. Durante a pandemia, fui bolsista de iniciação científica com ela e foi a partir disso que tomei gosto pela pesquisa. Isso me levou ao mestrado. Atualmente, estamos organizando juntos o novo livro da coleção ‘Jornalismo Potiguar’. Meu orientador, Daniel Meirinho, também tem sido muito importante nesse processo.”

O escritor afirma que o incentivo da comunidade acadêmica foi decisivo. “Muitas vezes eu não acredito em mim mesmo. E essas pessoas, principalmente Socorro, acreditam, veem o potencial e me apoiam. É isso que me faz continuar”, disse.

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