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Reconhecimento

Vagner agradece apoio de Paulinho e Agripino durante crise em Israel

Secretário de Planejamento, que chegou a Natal após viver a guerra em Israel, também agradece à primeira-dama da capital
Redação
21/06/2025 | 05:06

Após uma das experiências mais intensas de sua vida, o secretário de Planejamento de Natal, Vagner Araújo, retornou ao Brasil após ser surpreendido por ataques aéreos durante missão oficial em Israel. A viagem, inicialmente pensada como uma jornada de cooperação técnica sobre políticas públicas e inovação, se transformou em uma vivência de guerra. Em entrevista à TV Tropical, Vagner relatou os momentos de tensão que enfrentou, agradeceu aos que o apoiaram enquanto esteve no exterior e classificou o retorno para casa como um “presente de Deus”.

Ao comentar sobre o período em que permaneceu confinado em abrigos antiaéreos em território israelense, Vagner foi enfático ao reconhecer o apoio recebido de aliados políticos e pessoas próximas no plano institucional e pessoal. “O ex-senador José Agripino mandou mensagens, deu dicas, colocou-se à disposição. O prefeito Paulinho Freire falava comigo todo dia. A primeira-dama e secretária de Assistência Social, Nina Souza, também ajudou muito, participando de articulações e mantendo contato constante. Agradeço de verdade”, disse. Ele acrescentou que, embora não tenha como citar todos agora, pretende agradecer individualmente a cada um que deu força.

Comitiva de políticos brasileiros que estava em Israel desembarca no RN - Foto: Arquivo pessoal/Vagner Araújo
Secretário de Planejamento deixou Israel de ônibus, em meio a conflito com Irã. Foto: Reprodução

Vagner embarcou para Israel no dia 10 de junho, a convite do governo local, representando a Prefeitura do Natal em um programa internacional de intercâmbio sobre gestão urbana e tecnologias aplicadas ao serviço público. A missão incluía gestores de outras cidades brasileiras, como o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e o ex-prefeito de Santarém Nélio Aguiar, hoje secretário de Estado do Pará.

Os sinais de que a viagem poderia se transformar vieram já no trajeto do aeroporto para o campus universitário onde a comitiva ficaria hospedada. “Nos orientaram a sempre identificar o ‘Miklat’, que é o abrigo subterrâneo. Disseram que era apenas protocolo, como uma instrução de voo. Mas depois a realidade mudou completamente.”

A escalada começou com a notícia de que Israel teria atacado o Irã, no dia 13. Na madrugada seguinte, por volta das 3h, o som das sirenes e o alarme simultâneo em todos os celulares indicou que os primeiros mísseis iranianos estavam a caminho, em retaliação. A orientação era correr para o abrigo. “Foi um choque. O bunker ficava no subsolo da universidade. Tínhamos que correr para lá cinco, seis vezes por noite, e só podíamos sair quando recebíamos outra mensagem autorizando.”

A permanência em Israel, segundo Vagner, foi marcada por incerteza, medo e tentativas frustradas de retorno. “As autoridades locais diziam que o mais seguro era permanecer nos bunkers. Que, mesmo se o prédio fosse atingido, quem estivesse no abrigo sobreviveria até o resgate, que poderia levar três horas.”
Apesar da insistência dos brasileiros, os organizadores israelenses desaconselhavam qualquer tentativa de saída. “Era uma guerra com o Irã, não era ataque pontual de grupos regionais. A gente sabia que o Irã tem mais de 1.500 mísseis. Não era algo que acabaria em dois dias”, relatou.

Com alimentação reduzida a pizzas e sanduíches fornecidos esporadicamente, a rotina se tornou cada vez mais precária. Mesmo assim, as autoridades insistiam que sair seria arriscado demais.

Ao voltar, Vagner definiu o momento como “o melhor que poderia ter acontecido”. Emocionado, afirmou que levou um aprendizado inesperado. “Fomos buscar conhecimento técnico e voltamos com uma lição sobre resiliência. Aprendemos como lidar com tensão extrema. Reencontrar minha esposa e meu filho foi um alívio imenso. Agradeço a Deus por ter voltado com vida.”

Vagner Araújo retornou ao Brasil na última quarta-feira 18, após quase dois dias de viagem. Primeiro, eles saíram de Israel por via terrestre, cruzando a Jordânia até chegar à Arábia Saudita. De lá, embarcaram em um voo particular providenciado pela família do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena. A aeronave fez escalas em Palma de Mallorca, na Espanha, e na Ilha do Sal, em Cabo Verde, antes de pousar em Natal por volta das 10h da manhã de quarta. Ao todo, 12 políticos e um filho do prefeito compunham a comitiva.

Dos 13 passageiros, oito desembarcaram em Natal — entre eles Vagner Araújo. Três seguiram em voos comerciais para seus destinos finais — caso do prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião —, e outros dois (Cícero Lucena e o filho) permaneceram no jato até João Pessoa.

Um 2º grupo de brasileiros, formado por 28 pessoas, estava em processo de retirada via Jordânia nesta sexta-feira. A volta em voos comerciais recebe apoio do governo de Israel, que organizou e custeou a ida da delegação ao país. Além das missões oficiais, há 56 religiosos que estão na Galileia e outros turistas que solicitaram ajuda para repatriação.

Secretário relembra madrugada de sirenes e corrida para abrigo em Israel

A madrugada do dia 14 de junho marcou o início de uma série de momentos que o secretário de Planejamento de Natal, Vagner Araújo, não esquecerá. Por volta das três da manhã, os alarmes soaram em toda a região onde estava hospedado, a cerca de 15 quilômetros de Tel Aviv, em Israel. “Foi uma sirene ensurdecedora. Todos os celulares apitaram ao mesmo tempo. A mensagem era clara: ‘procure o Miklat’, o abrigo”, contou.

O abrigo, situado no subsolo do campus universitário onde a comitiva brasileira se encontrava, já havia sido apresentado no dia da chegada como parte de um protocolo padrão. Mas agora era real. Durante várias noites, Vagner e os demais participantes do programa internacional correram para o bunker em meio a alertas de bombardeio iminente. “Chegamos a ouvir os estrondos. Era sempre à noite. Chegava a ser cinco, seis vezes por madrugada.”

Rotina de alarmes e explosões perto de Tel Aviv

Durante sua permanência em Israel, Vagner Araújo enfrentou uma rotina marcada por tensão e imprevisibilidade. Hospedado em um campus universitário na região metropolitana de Tel Aviv, ele viveu noites de instabilidade em que os alarmes eram acionados sucessivamente. “Os alertas vinham a qualquer momento. E não podíamos hesitar. Era sair imediatamente do quarto e ir para o abrigo subterrâneo.”
Apesar do medo, havia um senso de organização. Os israelenses explicavam que, mesmo que o prédio fosse atingido, os abrigos protegeriam os ocupantes. “Eles diziam que, se caísse um míssil ali, a estrutura do Miklat resistiria, e os bombeiros nos tirariam depois de algumas horas.”

Com a escalada do conflito, as refeições passaram a ser improvisadas. Vagner contou que, antes dos ataques, havia alimentação regular no restaurante da universidade onde estavam hospedados. Com o início da tensão, isso mudou. “Parou tudo. Passamos a comer pizza ou sanduíche, que alguém buscava em algum lugar.”

As condições não eram precárias, mas o desconforto e a incerteza dominavam o ambiente. “Não era uma situação de fome, mas também não havia mais estrutura. Era tudo no improviso.” Mesmo com o desejo de deixar o país, os participantes brasileiros foram orientados pelas autoridades israelenses a não sair. “Disseram que o mais seguro era ficar. Os abrigos eram preparados. Quem saísse estaria exposto.”

Vagner explicou que tentou encontrar uma forma de sair, junto com o prefeito de João Pessoa e o ex-prefeito de Santarém, mas os coordenadores locais foram firmes. “Eles deixaram claro que não havia solução viável e que, no cenário de guerra, era melhor ficar onde estávamos.”

Segundo Vagner, a gravidade da situação ficou evidente logo nos primeiros momentos. “Não era ataque de grupo paramilitar, como Hezbollah ou facções da Palestina. Era com o Irã. E sabíamos que o Irã tem cerca de 1.500 mísseis.”

Ele disse que o ataque de Israel foi cirúrgico, direcionado a instalações nucleares e militares, mas o revide seria amplo. “Tínhamos consciência de que a resposta não viria com um ou dois mísseis. Por isso sabíamos que a situação ia durar.”

O objetivo inicial da missão era estudar soluções urbanas e políticas públicas inovadoras adotadas em Israel, país conhecido pela aplicação de tecnologia no setor público. No entanto, a comitiva brasileira foi surpreendida por um conflito armado de grandes proporções.

“O que a gente trouxe de volta foi um aprendizado que não esperávamos. Resiliência, adaptação, lidar com o medo e a instabilidade. Isso nos transformou profundamente”, afirmou Vagner.

Ao retornar a Natal, o secretário se emocionou ao descrever o reencontro com a família. “Ver minha esposa, meu filho, estar em casa novamente… foi a melhor coisa dos últimos tempos. Só tenho a agradecer.”

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