03/03/2020 | 01:00
O Rio Grande do Norte registrou 1.897 notificações de acidentes e doenças decorrentes do trabalho em 2019, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). O número representa um acidente dentro do ambiente profissional a cada quatro horas e 36 minutos, considerando 24 horas por dia. Levando em conta apenas as “horas úteis” de trabalho, a frequência de acidentes é ainda menor.
O levantamento foi feito pelo do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Rio Grande do Norte (Cerest), órgão ligado à Secretaria Estadual de Saúde (Sesap). Segundo a análise dos dados, o número de acidentes é o maior desde o início da série estatísticas, em 2007, quando foram registradas 304 notificações.
Apesar de 2019 ser o ano com o maior número de notificações, segundo o Cerest, os números do ano passado não estão inteiramente fechados. Segundo Kelly Lima, subcoordenadora do Cerest, a estatística será fechada em 15 de março. “O aumento histórico é um reflexo das mudanças realizadas na metodologia das capacitações e de um efeito positivo desses treinamentos”, explica.
De acordo com os números apresentados na reunião, houve um aumento do número de notificação de transtornos mentais relacionados ao trabalho. O Rio Grande do Norte é o estado que mais notifica esse tipo transtorno no Brasil. Também foi constatado que o estado é o terceiro no país que mais notifica câncer ocupacional.
O levantamento, no entanto, revela que o estado tem conseguido mapear com mais consistência os acidentes e doenças do trabalho, segundo o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Norte (MPT-RN).
Segundo a procuradora Regional do MPT no Rio Grande do Norte, Ileana Neiva, os números revelam que há aumento crescente dos acidentes e doenças do trabalho, principalmente, nos setores em que há manuseio de material biológico e naqueles em que há acidentes de trabalho graves, como os acidentes com máquinas e quedas causadas pelo trabalho em altura.
“Com esse importante trabalho do Cerest é possível identificar as áreas com maior acidentalidade e tais áreas serão de atuação prioritária para a prevenção de acidentes”, encerra a procuradora.