Como de praxe, o Governo do Estado aproveitou os dias que antecedem o feriado da Abolição para se instalar em Mossoró. Ou seja, a cidade passa a ser a capital administrativa do Estado por este período. É quando o prefeito Allyson Bezerra aproveita para apresentar suas queixas com relação à Companhia de Águas e Esgotos (CAERN), autarquia que consegue ter ampla rejeição na cidade.
Durante o Fórum Caminhos do RN, organizado pela Fiern e realizado nesta sexta-feira, 27, o prefeito descascou para cima da empresa. Disse que parte importante dos recursos do Município são direcionados para obras que deveriam ser realizadas pela Caern. Segundo ele, houve, no passado, uma divisão “informal” de áreas que deveriam receber investimentos via Caern e outras via Prefeitura. Porém, na parte que concerne à estatal nada vem sendo feito e os problemas avançam.
É aí que o prefeito decidiu reclamar. Sugere medidas e uma discussão sobre o papel da empresa na cidade. Esta discussão passa até mesmo pela reavaliação da concessão dos serviços da empresa, notoriamente considerados deficientes. “A Caern continua caótica. É uma empresa que, infelizmente, não está atendendo a cidade como deveria”, relatou Allyson, no evento, referindo-se principalmente às obras de saneamento.
Da mesma forma, são constantes as reclamações de falta de água em toda a cidade. Noutra vertente, as reclamações surgem da destruição de vias recentemente pavimentadas e que são “rasgadas” para reparos em canalizações antigas. Segundo o prefeito, uma das principais avenidas, a Alberto Maranhão, passou por isso. Foi danificada pela empresa e o prejuízo foi deixado lá. “Estamos tendo uma série de dificuldades com esta empresa”, adiantou.
Portanto, uma das ações é pensar novamente a atuação da Caern em Mossoró. “Vou chamar a sociedade civil organizada para fazer uma grande discussão sobre o que queremos para a cidade quanto à água e esgoto”, adiantou. “A Prefeitura tem R$ 30 milhões aplicados em obras de saneamento. Quando precisamos cortar uma rua para o processo de canalização, esgotamento e interligação de bacias, reformamos. Sou criterioso quanto a isso. Do outro lado da cidade, da parte da Caern, não estamos tendo este retorno”, denunciou.
Vale destacar que a Caern tem concessão para atender toda a cidade. Os recursos aplicados pela prefeitura, na verdade, deveriam partir da estatal. Por esta razão, quando a Caern deixa de investir, os recursos viram saldo positivo para a empresa. Não voltam para o Município. “E a rentabilidade da Caern passa muito pelo que ela oferece ou deixa de oferecer à cidade”, comentou o prefeito durante o evento da Fiern.
O movimento de rediscussão sobre a presença da Caern em Mossoró, segundo o prefeito, não deve começar em uma provável segunda gestão. Embora líder nas pesquisas, quer pensar sobre os serviços da estatal ainda neste ano, nas análises que incluem observações ao Plano Diretor do Município.
O presidente da Caern, Roberto Linhares, por sua vez, em entrevista a uma rádio local, não gostou das recentes cobranças por conta da falta d´água na cidade. Disse que “se bater, vai levar”. A Caern ainda é campeã de reclamações em Mossoró. Mas, na ocasião, final do ano passado, ao menos 20 bairros estavam sem fornecimento. Sem falar no estrago deixado constantemente às pavimentações recém-concluídas. Mas, a Caern não gosta e não quer ouvir um pio sobre isso.
William Robson é jornalista e professor. Doutor em Jornalismo (UFSC) e mestre em Estudos da Mídia (UFRN)