Com o desemprego formal ainda na casa dos 12 milhões de pessoas e o desalento – quando essa pessoa desiste de buscar uma colocação – atingindo expressivas parcelas da população, o aumento da informalidade não surpreende e não deve ser visto com preconceito.
Como um vazamento na laje, é a água procurando alguma fissura no cimento por onde se infiltrar. Ou, metaforicamente falando, trata-se aqui da sobrevivência do desempregado. Uma situação dramática que só sabe quem vive, mas que funciona também como uma ameaça a pairar sobre a cabeça de todos.
Quando a situação chega nesse ponto, não adianta deitar teorias politicamente corretas e falar da precarização das vagas de trabalho, exigindo o retorno do que não voltará mais, pelo menos por enquanto.
Não há trabalho porque não há economia forte; e não haverá economia forte sem que o país se organize a longo prazo para construir essa saída. Ela passa pela educação e pela elevação da produtividade – que no Brasil é baixa -, mas também passa pelo aquecimento do mercado via crédito e maior poder de compra.
E é aí que bicho pega, pois o brasileiro ficou mais pobre nos últimos anos. A irresponsabilidade fiscal de décadas passadas deu ao país uma falsa sensação de prosperidade, mas agora que a conta chegou é preciso encará-la sem retoques ou discursinhos retóricos.
Não adianta apenas criar mecanismos de compensação como antes existiam na justiça trabalhista ou no sindicalismo que recebia um caminhão de dinheiro do Estado simplesmente para existir em nome de uma justiça social que reinava isolada do bem-estar financeiro do resto do país.
Esse tempo já era.