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Crime
Repórter é agredida e sofre racismo de funcionário de prefeitura no RJ: ‘Me chamou de macaca’
Julie Alves afirma que o homem deu um tapa forte no seu braço, o que fez o microfone cair no chão. Enquanto ela recolhia o equipamento, o funcionário se dirigiu ao cinegrafista e o chutou, sendo retirado em seguida por outra pessoa
Redação/O Globo
26/09/2020 | 09:48

A repórter carioca Julie Alves, de 44 anos, sofreu uma agressão e racismo durante uma reportagem que mostrava problemas em uma lixão ao lado de uma unidade de saúde no bairro Japeri, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Ao tentar conversar com um responsável pelo posto a repórter foi surpreendida por um homem, negro, que se identificou como funcionário, e tentou impedir o trabalho e xingou os profissionais no momento em que eles entraram no pátio da unidade de saúde. O homem chamou Julie de “macaca” e o cinegrafista Vângelis Floyd Ferreira, de 35 anos, de “gordo”, em atos de racismo e gordofobia. As informações são do O Globo.

Em entrevista ao Globo, a repórter afirma que o homem deu um tapa forte no seu braço, o que fez o microfone cair no chão. Enquanto ela recolhia o equipamento, o funcionário se dirigiu ao cinegrafista e o chutou, sendo retirado em seguida por outra pessoa. O agressor é Clodoaldo Silva de Souza, conhecido como Dudu, que tem o cargo de diretor da Unidade Médica de Engenheiro Pedreira (Umep), distrito do município de Japeri.

“Estávamos filmando o lixão e perguntei se alguém do posto poderia falar sobre o assunto. Esse cara consentiu e, quando entramos no pátio, já gravando, ele começou a gritar, disse “grava não, c… Vai para casa do c…, não pode gravar aqui ” e fui narrando o que acontecia. Eu disse que gravaríamos sim, e ele falou: “Não vão gravar nada, sua macaca”. O cinegrafista foi me defender, e ele disse: “Cala a boca, seu gordo”. Foi então que ele partiu para cima de mim. Deu um tapa na minha mão. Pensei que ele fosse dar na minha cara, e o microfone caiu. Eu me abaixei para pegá-lo e ele avançou no cinegrafista”, relata.

Registro na delegacia de Japeri

Ao entrar no posto de saúde, a equipe descobriu que a secretária municipal, Rosilene Moraes dos Anjos, estava em uma das salas da unidade. Ela demonstrou surpresa com as agressões e a intimidação feita pelo seu funcionário. Após uma conversa com a secretaria, Julie e Vângelis estavam deixando a unidade quando se sentiram mal. Ela estava com pressão alta (14 por 8), enquanto o cinegrafista, que é hipertenso e diabético, atingiu uma pressão de 18 por 8 e taxa de quase 400 mg/dL de glicemia, sendo que o normal é de 100 mg/dL.

Segundo a jornalista, o agressor também alegou estar se sentindo mal para ficar na mesma sala que ela e o cinegrafista, quando então fez ameaças contra eles. Após a chegada do diretor do programa, Mauro Vasconcelis, a dupla foi registrar um boletim de ocorrência na 63ªDP (Japeri). O funcionário da prefeitura de Japeri foi denunciado por lesão corporal, injúria por preconceito e ameaça contra Julie e Vângelis.

Com dez anos de carreira e há dois meses meses fazendo reportagens para o “Fala, Baixada”, a jornalista afirma que ficou mais chocada porque o seu agressor era preto como ela.

“Ainda estou abalada, psicologicamente mal. Primeiro, pensei que ele fosse fazer algo pior, só faltou nos matar. Mas é muito complexo quando você sofre racismo de um preto como você. O que posso dizer é que, no decorrer de dez anos de profissão, eu só sofro racismo de negros, essas atitudes truculentas ou ser maltratada. Já fui barrada para trabalhar em camarote por segurança que era negro como eu, mas que deixou os colegas brancos passarem. Atrizes negras me tratam mal. Fico indignada quando essas pessoas levantam a bandeira contra o racismo, mas na prática são poucos que não fazem discriminação com as próprias pessoas da raça”, desabafa.

Repórter está com medo

Mãe de um bebê de dez meses e de um rapaz de 18 anos, Julie afirma que está com medo. Ela já pediu para produção do canal para não realizar mais reportagens em Japeri, e diz que agora se sente preocupada com o que o agressor possa fazer.

“Sou contra qualquer discriminação. Sou negra, mulher, nasci no Complexo da Maré. Já vi de tudo lá dentro. Eu tinha medo, mas ao mesmo tempo me sentia segura com o meu povo. Aqui no asfalto, eu tenho medo e me sinto sozinha. Quem deveria me acolher me amedronta. O cara que é um funcionário público num posto de saúde e vai me amedrontar? Eu estou com medo. Até mesmo enquanto estávamos indo para delegacia, achei ele poderia nos interceptar e fazer algo. Não quero mais fazer matéria em Japeri. Se esse cara fez isso com pessoas têm uma câmera e um microfone, imagina o que faz com aqueles sem voz, no caso a população? “, diz.

Procuradas pelo Globo, a Prefeitura e a Secretaria municipal de Saúde de Japeri não responderam aos questionamentos.

*Com informações do O Globo.

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