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Política

Do RN para a história: As potiguares que abriram caminho para o voto feminino

Celina Guimarães e Alzira Soriano marcaram a história política antes mesmo da conquista oficial do sufrágio feminino em 1932.
Redação
24/02/2025 | 21:36

O dia 24 de fevereiro marca o aniversário da conquista do voto feminino no Brasil. Em 1932, o direito ao voto foi oficialmente garantido às mulheres por meio do Código Eleitoral, após anos de mobilização por igualdade política.

No entanto, a história desse avanço começou antes, no Rio Grande do Norte, onde duas potiguares protagonizaram marcos importantes no cenário político nacional.

Maria do Céu Fernandes, Alzira Soriano e Celina Guimarães (da esq. para direita). Foto: Reprodução.
Potiguares foram pioneiras na luta pelo voto feminino no Brasil. Foto: Montagem/Reprodução

Em 1927, Celina Guimarães tornou-se a primeira mulher da América Latina a se registrar como eleitora e a exercer o direito ao voto. Nascida em Mossoró, Celina entrou para a história ao oficializar seu alistamento eleitoral em um contexto em que a participação feminina nas urnas era proibida em praticamente todo o país. Sua inscrição foi possível devido a uma brecha na legislação estadual potiguar, que não especificava o gênero dos eleitores.

Pouco tempo depois, o Rio Grande do Norte voltou a ocupar o centro das atenções políticas ao eleger Alzira Soriano como a primeira prefeita da América Latina em 1928. Com 60% dos votos válidos, Alzira assumiu a administração do município de Lajes, tornando-se a primeira mulher a comandar uma prefeitura em um período em que poucas mulheres exerciam cargos políticos. Durante sua gestão, Alzira promoveu obras de infraestrutura, abriu estradas e melhorou a iluminação pública da cidade.

A trajetória de mulheres potiguares na política também inclui o nome de Maria do Céu Fernandes. Aos 24 anos, ela foi eleita a primeira deputada estadual do Rio Grande do Norte por voto direto. Seu mandato, porém, foi cassado durante o Estado Novo após se opor às ideias autoritárias do governo.

As homenagens a essas pioneiras foram relembradas por políticos potiguares em publicações recentes nas redes sociais. A senadora Zenaide Maia (PSD) destacou a coragem de Celina Guimarães, Alzira Soriano e Maria do Céu Fernandes em desbravar o espaço político em tempos de forte resistência à presença feminina.

“Celina Guimarães abriu o caminho para nossa cidadania. Alzira Soriano desafiou preconceitos ao assumir a gestão de sua cidade, promovendo obras e melhorias. Maria do Céu Fernandes lutou bravamente por suas convicções, mesmo tendo seu mandato cassado”, afirmou.

O deputado federal Fernando Mineiro (PT) também ressaltou o pioneirismo potiguar. “Celina Guimarães foi a primeira mulher da América Latina a conquistar o direito ao voto e exercê-lo, em 1927. Já Alzira Soriano foi a primeira prefeita eleita na América Latina, no município de Lajes. As duas fizeram história na política e abriram as portas para outras grandes mulheres que seguem inspirando a juventude”, publicou.

No âmbito estadual, a deputada Eudiane Macedo lembrou a importância da data e a luta das mulheres pelo direito ao voto. “Hoje, 24 de fevereiro, comemoramos o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil. Um marco histórico que simboliza a força e a luta das mulheres que, com coragem e determinação, conquistaram o direito de votar e de serem votadas”, escreveu.

A deputada Cristiane Dantas (Solidariedade) também reforçou a importância do voto feminino para a construção de políticas públicas. “Hoje é dia de celebrar a conquista do voto feminino no Brasil. Não é um voto qualquer. É o direito de fazer valer as políticas públicas que impactam o dia a dia de 104,5 milhões de mulheres espalhadas pelo Brasil”, afirmou.

Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios quanto à representatividade feminina na política. Atualmente, as mulheres ocupam cerca de 18% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 15% no Senado, números que ainda estão distantes da paridade de gênero.

No Rio Grande do Norte, as homenagens às pioneiras potiguares continuam a destacar a importância da participação feminina no fortalecimento da democracia.

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