10/11/2023 | 05:00
É com profundo desapontamento que observamos a classe política, mídia e opinião pública do Rio Grande do Norte dedicarem um tempo e energia desproporcionais a uma discussão que, embora relevante, está sendo excessivamente politizada. A prorrogação do ICMS em 20% para o ano de 2024 merece sua devida importância, mas há questões de maior impacto econômico para o Estado que estão sendo negligenciadas.
O RN enfrenta desafios monumentais, desde políticas de desenvolvimento econômico até a geração de empregos, infraestrutura deficiente, educação, saúde e segurança pública em crise. O tempo e energia que estão sendo gastos nessa discussão do ICMS são um reflexo do grau de politização que tomou conta do debate.
Se uma fração do esforço dedicado a essa discussão fosse canalizada para debates maiores, como soluções para os tradicionais desafios do Estado, projetos de grande envergadura, inovações, modernização, o RN estaria em um caminho muito mais promissor. Em vez disso, estamos paralisados pela falta de visão de grandeza.
O que estamos testemunhando é, na verdade, uma guerra entre governo e oposição, na qual ambos lutam pelo poder e pela derrota do adversário, em vez de discutir efetivamente o futuro do Estado. Isso revela a pequenez de pensamento e a ausência de visão de grandeza, que priorizam questões de menor impacto em detrimento dos interesses reais da população.
O RN é um dos estados mais atrasados do Brasil em praticamente todos os indicadores. Isso não é mera coincidência, mas sim o resultado de décadas de negligência, politização excessiva e políticas de curto prazo em detrimento do desenvolvimento sustentável.
Nossa elite parece não se importar com o futuro do Estado, priorizando seus interesses imediatos em vez de pensar estrategicamente. Nossa imprensa, como apontado por jornalistas de outras regiões, muitas vezes carece de criticidade, e parte representativa dela estaria escancaradamente comprometida com interesses de determinados grupos políticos – enviesando o debate inescrupulosamente.
A opinião pública também não está isenta de culpa, muitas vezes sendo pouco exigente ou mal-informada. Precisamos elevar nossos padrões e exigir mais de nossos líderes e daqueles que moldam a opinião pública.
É desolador imaginar que o RN possa permanecer nesse ciclo de mediocridade. No entanto, é imperativo que a sociedade se una para mudar essa trajetória. O RN merece um futuro melhor, baseado em políticas de visão, liderança verdadeira e um compromisso real com o progresso e o desenvolvimento. O tempo de gastar recursos preciosos em discussões excessivamente politizadas chegou ao fim; é hora de mirar nas estrelas e lutar por um RN mais próspero e promissor.