A comédia “Minha Vida em Marte”, de Mônica Martelli, tem data marcada para desembarcar em Natal. A apresentação acontece nesta sexta-feira 11 no Teatro Riachuelo Natal, às 21h. Os ingressos podem ser adquiridos em uhuu.com e custam a partir de R$90.
Minha Vida em Marte traz a personagem Fernanda, casada há oito anos e em crise no casamento. Vamos ver a protagonista tentando encontrar saídas para as intolerâncias diárias que a rotina traz, a falta de libido, o acúmulo de mágoas e as expectativas frustradas. “A personagem luta contra o medo da separação, o medo da solidão, o medo de ressignificar sua vida e, claro, o medo de se separar com 45 anos numa sociedade machista onde a mulher não tem permissão para envelhecer”, explica Mônica.
Tendo como inspiração suas próprias experiências, Mônica leva ao teatro um monólogo bem-humorado que aproxima através do riso e leva homens e mulheres à reflexão. E assim a atriz se confirma como uma das autoras brasileiras que melhor traduzem o comportamento feminino moderno. Será que é possível voltar a se apaixonar pelo marido? Ou a solução é se separar? A comédia toca ainda em temas como traição, machismo, trabalho duplo da mulher e educação dos filhos. Minha Vida em Marte é um texto libertador que foi escrito sob a premissa de que ser feliz é fundamental.
Desde que estreou, em 2017, Minha Vida em Marte passou por dezenas de cidades brasileiras, sempre com sessões esgotadas, sendo vista por mais de 300 mil espectadores e recebendo cinco indicações a prêmios. Além disso, a peça inspirou o filme homônimo que levou mais de cinco milhões de espectadores aos cinemas e que marca a sua última atuação com o amigo Paulo Gustavo (1978-2021). Assim como no teatro e na televisão, Mônica foi dirigida por sua irmã, Susana Garcia, celebrando mais uma vez o sucesso da parceria.
Ao AGORA RN, a artista falou sobre o trabalho e ainda comentou a amizade com Paulo Gustavo, artista que faleceu em 2021. Confira a entrevista completa:
AGORA RN – O que inspirou você a criar a personagem Fernanda e suas experiências no espetáculo?
Mônica Martelli – A principal inspiração da peça é a minha vida, a minha vulnerabilidade. Minhas dores, minhas alegrias, minhas dúvidas, minhas angústias, meus medos e minha coragem de seguir em frente mesmo com medo são inspirações para meus textos. Além disso, claro, me inspiro em experiências compartilhadas por outras pessoas, ouvindo o que elas têm a dizer. Quando escrevi a primeira peça (“Os Homens São de Marte e É Pra Lá Que Eu Vou”), meu desejo era falar sobre os problemas femininos, especialmente nos relacionamentos. Havia muitas questões e ideias dentro de mim.
AGORA RN – Como você acredita que a comédia pode abordar temas tão sérios, como crises no casamento e machismo, de maneira reflexiva?
Mônica Martelli – A melhor forma de abordar temas sérios é através do humor. Com humor, você consegue alcançar as pessoas de forma mais leve. Você consegue falar de dores, angústias e traumas, o outro ri e se identifica. Então, você reflete sobre sua vida. O humor é poderoso; você pode se curar através do riso. O riso ocorre porque a pessoa se identificou e, se você se identificou com alguma dor ou drama ali exposto, vai refletir e, daí, se curar.
AGORA RN – Você já enfrentou desafios semelhantes aos da Fernanda? Quais mensagens você espera que as mulheres levem para casa após ver a peça?
Mônica Martelli – Escrevo o que vivo e sinto. A Fernanda tem muitas características minhas. Ela é otimista, acredita no amor, se entrega ao amor sem reservas. A Fernanda é uma continuação da Mônica; nada ali é mentira. A Fernanda é uma mulher que rompe padrões, que não aceita tudo apenas para manter um casamento. Ela se ama acima de tudo. Acho que essa é uma bela mensagem que quero transmitir com a história: podemos amar, sim, sem nos anular.
AGORA RN – Que conselho você daria para mulheres que enfrentam crises em relacionamentos?
Mônica Martelli – Ouça a si mesma e vá ao encontro de quem você é hoje. Pergunte-se quais são seus desejos no momento. Tente se aproximar desses desejos. E, se tiver medo, vá com medo mesmo. Coragem não é ausência de medo; coragem é ir com medo mesmo.
AGORA RN – Qual foi o impacto da colaboração com Paulo Gustavo na criação da versão cinematográfica de “Minha Vida em Marte”?
Mônica Martelli – Paulo Gustavo mudou a vida de muitas famílias no Brasil. Ele conseguiu trazer à tona um assunto que ainda é muito tabu, as relações homoafetivas. Ele expôs sua vida com muita leveza, através do humor. Ele ajudou muitas pessoas a se libertarem, a serem aceitas por suas famílias, porque ele colocava suas escolhas para fora através do humor. O humor salva.
AGORA RN – Depois de anos em cartaz, o que você acha que faz “Minha Vida em Marte” ressoar com o público ainda hoje?
Mônica Martelli – A peça fala de sentimentos que são universais e atemporais: o medo de se separar, de ficar sozinha, da falta de libido, o massacre da rotina de um casamento. São situações e sentimentos que geram muita identificação. E, através do humor, é possível tocar em assuntos dolorosos e sérios com leveza. Você consegue ouvir, receber e refletir através do humor. O humor é como um colchão que amortece uma queda.
AGORA RN – Quais são suas expectativas para a apresentação em Natal?
Mônica Martelli – Eu amo Natal. É uma das cidades mais lindas do Brasil. Toda vez que vou à cidade, gosto de levar minha filha para que ela não perca essa oportunidade. Sempre sou muito bem acolhida em Natal. É um público muito caloroso, receptivo, alegre, e estou muito feliz de apresentar “Minha Vida em Marte” aí! Quanto às apresentações, gosto de chegar cedo ao teatro. Eu acendo um incenso no palco, direciono para a plateia também. Faço minha própria maquiagem e, antes de começar, passo um tempo me concentrando para dar o melhor de mim para o público.