Rochele Elias, médica e fundadora do projeto Mães Corujas Batalhadoras, compartilhou sua trajetória como mãe de Alberto, 18 anos, diagnosticado com autismo nível 3. O movimento, criado em 2013, surgiu de conversas em salas de espera de clínicas e hoje organiza a 10ª Caminhada de Conscientização sobre o Autismo, que ocorrerá no próximo domingo 13, na Praça das Flores, com concentração às 15h30.
Alberto, não verbal, cursa gastronomia em uma faculdade particular, onde conquistou espaço e interação com colegas. “Ele não fala, mas se comunica. Os colegas já começam a entendê-lo bem. É um sorriso, um grito, uma palma. A expressão dele é muito grande”, disse Rochele. A inclusão, no entanto, veio após anos de dificuldades: três colégios negaram matrícula ao jovem.

O diagnóstico de Alberto veio em 2010, após anos de incertezas. “Ninguém tinha me confirmado, mas no fundo as mães suspeitam”, relatou. A médica destacou a importância da intervenção precoce: “Se você começa antes dos três anos, faz diferença na vida da pessoa”.
A caminhada deste ano terá emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA), além de atividades como brincadeiras educativas e feira inclusiva para mães. Rochele citou dados alarmantes: “78% das mães de autistas são abandonadas pelos maridos após o diagnóstico”.
Sobre o ativismo, ela afirmou: “Por ele, eu faço qualquer coisa. Ele não é um autista, é meu filho”. A trajetória de Alberto na faculdade surpreendeu até ela: “Meu pensamento era zero expectativa. O modo como a universidade abraçou foi incrível”.
O evento no domingo contará com parcerias da Secretaria da Pessoa com Deficiência, STTU, Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal. “A intenção é conscientizar e reduzir o preconceito”, concluiu Rochele.