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Cidades

Evasão em Natal não é exclusividade do RN, aponta superintendente do IBGE

Rogério Campelo diz que capitais como Rio de Janeiro e Salvador também registraram queda de população, enquanto municípios das respectivas Regiões Metropolitanas tiveram aumento
Redação
04/07/2023 | 08:45

A diminuição da população em Natal não é exclusividade do Rio Grande do Norte e é um comportamento que foi registrado em outras capitais brasileiras. É o que aponta o superintendente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no RN, Rogério Campelo. De acordo com os dados preliminares do Censo 2022, houve uma diminuição da população de Natal e aumento em municípios da Região Metropolitana ao longo dos últimos 12 anos.

Em entrevista ao Jornal da Cidade, da 94FM, Rogério Campelo disse que “o comportamento em capitais não foi exclusivo em Natal, outras capitais como Rio de Janeiro e Salvador tiveram a diminuição da população, com municípios próximos registrando crescimento”. Segundo o Panorama do Censo 2022, a capital potiguar teve encolhimento na população, passando de 803.739 em 2010 para 751.300 em 2022, diminuição de 6,52%.

presentes de natal RN tem 3.302.406 habitantes; Natal é a cidade do estado com a maior população, segundo o Censo. Foto: José Aldenir/AGORA RN Foto: José Aldenir/AGORA RN
RN tem 3.302.406 habitantes; Natal é a cidade do estado com a maior população, segundo o Censo. Foto: José Aldenir/AGORA RN

Cidades como Parnamirim tiveram crescimento significativo, de 24,83%, saindo de 202.456 habitantes e chegando a 252.716 pessoas. Extremoz passou de 24.569 habitantes, no último censo, para 61.871, um aumento de 151,83%. São Gonçalo do Amarante, saiu de 81.668 e saltou para 115.838, crescimento de 41,84%.

“Em uma análise superficial, nós acreditamos que parte da população foi para os municípios próximos em busca de uma melhor qualidade de vida, terrenos mais baratos e sair um pouco da confusão das capitais”, explicou Rogério Campelo. “Extremoz, por exemplo, teve um forte crescimento imobiliário entre 2010 a 2020, provavelmente domicílios com custo menor do que Natal, o que atraiu a população”.

Em 1º de agosto de 2022, o Rio Grande do Norte tinha 3.302.406 habitantes, um crescimento de 4,24% ante os 3.168.027 apontados pelo Censo anterior, realizado em 2010. “No RN, tivemos um equilíbrio em relação a números. Metade dos municípios ganhou população e metade, perdeu. O que importa é que, no fim das contas, o Estado cresceu cerca de 4%”.

Os números revelam ainda que o Brasil registrou sua menor taxa de crescimento populacional da história, com um aumento médio de 0,52% ao ano. O País chegou a 203.062.512 pessoas, com aumento de 12,3 milhões desde o levantamento divulgado pelo IBGE em 2010.

 

Parnamirim pode ultrapassar população de Mossoró nos próximos anos

A cidade que mais cresceu no período foi Parnamirim, que tinha 202.456 habitantes em 2010 e saltou para 252.950 moradores (50.494 a mais). “Com dados superficiais, a perda da população de Natal para Parnamirim reforça seu crescimento. Parnamirim também vive um momento econômico muito bom, acaba atraindo por questões de emprego, de novos empreendimentos imobiliários”.

“Em contrapartida, na região de Mossoró, houve desinvestimentos da Petrobras. Então, provavelmente, isso impacta a população, que busca geralmente locais com melhores condições de vida e emprego”, apontou Rogério. Ainda de acordo com os dados preliminares, Mossoró, em relação ao ranking de concentrações urbanas, tem o maior número de domicílios vagos do Brasil, proporcionalmente.

O superintendente explicou que a projeção do IBGE é baseada entre censos. “De 2000 a 2010, se o município teve crescimento, a gente projeta que ele vai continuar crescendo. No caso de Mossoró e Parnamirim, do Censo 2010 para o 2022, os dois municípios estão com viés de crescimento, então essa é a tendência, com Parnamirim um pouco mais a frente. Provavelmente Parnamirim ultrapassará a população de Mossoró nos próximos anos”.

 

Especulação imobiliária e transporte precário diminuem população de Natal

Nos últimos anos, Natal vem perdendo habitantes para outras cidades da região metropolitana, especialmente municípios como Extremoz, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. Especialistas ouvidos pelo AGORA RN explicam que as razões desse deslocamento populacional passam por fatores como a especulação imobiliária e a busca por uma melhor qualidade de vida.

Professor e mestre em Geografia com ênfase em Geodinâmica Ambiental, Risco e Ordenamento Territorial pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Anderson Geová afirma que há uma série de fatores que explicam essa saída da população da capital potiguar.

“O primeiro motivo que destaco é a especulação imobiliária. Os imóveis da capital possuem um valor muito alto, tanto para aluguel quanto para financiamento ou compra. E um detalhe nesse quesito é que Natal não possui mais espaço para expansão urbana”, analisou o professor. Além da especulação imobiliária, Anderson também aponta problemas referentes a transporte público e infraestrutura urbana como fatores adicionais que geram insatisfação nos natalenses e fazem com que a população da capital busque essas cidades vizinhas como refúgio.

“Natal é muito precária em mobilidade urbana e transporte público, isso afastou essas pessoas não só para regiões metropolitanas, como para outros municípios do Nordeste, como João Pessoa, por exemplo”, salientou.

Conforme os dados apresentados até o momento pelo IBGE, Natal perdeu 52.439 habitantes em 2022, comparado a 2010. No Censo anterior, a capital potiguar registrava 803.739 moradores, número que caiu para 751.300. A redução foi de 6,52%.