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Possível descoberta
Estudo mostra que o que sabíamos sobre nosso metabolismo pode estar errado, inclusive o fato de que ele desacelera com o tempo
Segundo um dos pesquisadores, embora as pessoas ganhem em média mais de um quilo e meio por ano durante a idade adulta, elas não podem mais atribuir isso a um metabolismo lento
O Globo
16/08/2021 | 16:53

Todo mundo conhece uma velha crença sobre o metabolismo: as pessoas ganham peso ano após ano a partir dos 20 anos, porque o organismo fica mais lento, especialmente por volta da meia idade. As mulheres sofrem esse processo ainda mais intensamente do que os homens, o que provoca mais dificuldade em controlar a balança. A menopausa só piora as coisas, desacelerando ainda mais o ritmo metabólico feminino.

Tudo errado, segundo artigo publicado recentemente na revista Science. Com base em dados de quase 6.500 pessoas, com idades entre 8 dias e 95 anos, os pesquisadores descobriram que existem quatro períodos distintos da vida no que diz respeito ao metabolismo. Eles também descobriram que não há diferenças reais entre as taxas metabólicas de homens e mulheres após o controle de outros fatores.

As descobertas da pesquisa devem remodelar a ciência da fisiologia humana e também podem ter implicações para algumas práticas médicas, como determinar as doses apropriadas de medicamentos para crianças e idosos.

— (O artigo) estará nos livros didáticos — prevê Leanne Redman, fisiologista do balanço de energia do Pennington Biomedical Research Institute em Baton Rouge, Louisiana.

Rozalyn Anderson, professora de medicina da Universidade de Wisconsin-Madison, que estuda o envelhecimento, escreveu uma perspectiva que acompanha o artigo. Em uma entrevista, ela disse que ficou “maravilhada” com as descobertas.

— Teremos que revisar algumas de nossas ideias — acrescentou.

As implicações das descobertas para a saúde pública, dieta e nutrição ainda não podem ser medidas, na opinião de Samuel Klein, diretor do Centro de Nutrição Humana da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, que não esteve envolvido no estudo. Quando se trata de ganho de peso, diz ele, o problema é o mesmo de sempre: as pessoas estão comendo mais calorias do que queimando.

A pesquisa metabólica custa caro. Portanto, a maioria dos estudos publicados teve poucos participantes. Mas o principal investigador do novo trabalho, Herman Pontzer, um antropólogo evolucionista da Duke University, conta que os próprios pesquisadores do projeto concordaram em compartilhar seus dados. Existem mais de 80 coautores no estudo. Ao combinar os esforços de meia dúzia de laboratórios coletados ao longo de 40 anos, eles tinham informações suficientes para fazer perguntas gerais sobre as mudanças no metabolismo ao longo da vida.

Todos os centros de pesquisa envolvidos no projeto estavam estudando taxas metabólicas com um método considerado o padrão-ouro: a água duplamente marcada. A estratégia envolve medir as calorias queimadas monitorando a quantidade de dióxido de carbono que uma pessoa exala durante as atividades diárias.

Os pesquisadores também colheram as alturas, os pesos e a porcentagem de gordura corporal dos participantes, o que lhes permitiu observar as taxas metabólicas fundamentais. Uma pessoa menor queimará menos calorias do que uma pessoa maior, é claro. Mas, corrigindo o tamanho e o percentual de gordura, o grupo perguntou: o metabolismo deles era diferente?

— Ficou muito claro que não tínhamos um bom controle sobre como o tamanho do corpo afeta o metabolismo ou como o envelhecimento afeta o metabolismo — disse Pontzer. — Esses são aspectos fundamentais básicos, que você acha que teriam sido respondidos há cem anos.

O ponto central de suas descobertas foi que o metabolismo difere para todas as pessoas em quatro fases distintas da vida. Até 1 ano de idade, a queima de calorias está no auge, acelerando até alcançar uma taxa 50% acima da taxa de adulto. A partir daí, até os 20 anos o metabolismo desacelera gradualmente em cerca de 3% ao ano. Dos 20 aos 60 anos, ele se mantém estável. Passados os 60 anos, diminui cerca de 0,7% ao ano.

Desconsiderados o tamanho do corpo e a quantidade de músculos que as pessoas têm, eles também não encontraram diferenças entre homens e mulheres.

Como era de se esperar, embora os padrões da taxa metabólica sejam válidos para a população como um todo, isso varia no nível individual. Algumas pessoas apresentam metabolismo 25% abaixo da média para a idade e outros 25% acima do esperado. Mas esses valores discrepantes não mudam o padrão geral, refletido em gráficos que mostram a trajetória das taxas metabólicas ao longo dos anos.

Os quatro períodos de vida metabólica descritos no novo artigo mostram que “não há uma taxa constante de gasto de energia por libra (ou kilo)”, observa Redman. A taxa depende da idade. Isso vai contra as suposições de longa data que ela e outros na ciência da nutrição sustentavam.

As trajetórias do metabolismo ao longo da vida e os indivíduos que são discrepantes abrem uma série de brechas de pesquisa. Por exemplo: quais são as características das pessoas cujo metabolismo é maior ou menor do que o esperado e há relação disso com a obesidade?

Uma das descobertas que mais surpreendeu Pontzer foi o metabolismo dos bebês. Ele esperava, por exemplo, que um recém-nascido tivesse uma taxa metabólica altíssima. Afinal, uma regra geral em biologia é que animais menores queimam calorias mais rápido do que animais maiores.

Em vez disso, afirma o pesquisador, durante o primeiro mês de vida, os bebês têm a mesma taxa metabólica de suas mães. Mas, logo após o nascimento de um bebê, ele disse, “algo entra em ação e a taxa metabólica dispara”.

O grupo também esperava que o metabolismo dos adultos começasse a desacelerar quando eles estivessem na casa dos 40 anos. No caso das mulheres, no início da menopausa. No entanto, revela Pontzer, “simplesmente não vimos isso”.

A desaceleração metabólica que começa por volta dos 60 anos resulta em um declínio de 20% na taxa metabólica aos 95 anos. Segundo Klein, embora as pessoas ganhem em média mais de um quilo e meio por ano durante a idade adulta, elas não podem mais atribuir isso a um metabolismo lento.

As necessidades de energia do coração, fígado, rim e cérebro respondem por 65% da taxa metabólica basal (do corpo em repouso), embora constituam apenas 5% do peso corporal, explica Klein. Um metabolismo mais lento após os 60 anos, acrescentou ele, pode significar que órgãos cruciais estão funcionando pior com o envelhecimento. Isso pode ser um dos motivos pelos quais as doenças crônicas tendem a ocorrer com mais frequência em pessoas mais velhas.

Até mesmo estudantes universitários podem ver os efeitos da mudança metabólica por volta dos 20 anos, afirma Klein.

— Quando eles terminam a faculdade, já estão queimando menos calorias do que quando começaram.

E por volta dos 60 anos, não importa o quão jovem você pareça, seu corpo está mudando de uma forma fundamental.

— Existe um mito de juventude duradoura — afirma Anderson — Não é isso que a biologia diz. Por volta dos 60 anos, as coisas começam a mudar. Chega um momento em que nada é como costumava ser.

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