A engenharia ambiental tem ganhado espaço no Rio Grande do Norte, mas ainda enfrenta desafios como a falta de reconhecimento do setor empresarial e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Segundo Vinícius Formighieri, presidente da Associação dos Profissionais da Engenharia Ambiental, o mercado local está diretamente ligado à atuação dos órgãos ambientais, como o Idema e as Secretarias Municipais de Meio Ambiente, além do crescimento econômico do estado. “Se há queda no crescimento, a demanda por engenheiros ambientais também diminui”, afirmou.
Para Formighieri, muitas empresas ainda não percebem a necessidade do engenheiro ambiental e só procuram esse profissional quando enfrentam dificuldades no licenciamento ou sanções ambientais. “O empresário precisa do engenheiro ambiental, mas ainda não considera isso uma necessidade básica”, disse, em entrevista à 94 FM.
A engenheira ambiental e advogada Juliana Ramalho destacou que a área de atuação vai além do licenciamento e fiscalização ambiental, abrangendo setores como saneamento, controle de poluição e desenvolvimento sustentável. Ela ressaltou o crescimento do ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), tendência que tem levado empresas a investirem em práticas mais sustentáveis. “A engenharia ambiental não é um braço de outra profissão, mas um campo fundamental para o desenvolvimento sustentável”, explicou.
Uma das áreas que tem impulsionado a demanda por engenheiros ambientais é o mercado de créditos de carbono. Empresas potiguares já começaram a calcular sua pegada de carbono, um indicativo do impacto ambiental das suas operações. “Mesmo sem uma regulação obrigatória, muitas empresas buscam compensação ambiental para atender padrões internacionais e melhorar sua imagem no mercado”, afirmou Ramalho.
A falta de clareza sobre a atuação do engenheiro ambiental em comparação com outras engenharias também é um obstáculo. “Muitas vezes há confusão sobre o papel do engenheiro ambiental e do engenheiro civil, principalmente na parte de licenciamento e estruturação de projetos”, disse Formighieri.
Além disso, embora o Brasil tenha um arcabouço legislativo ambiental estruturado, sua aplicação prática ainda apresenta falhas. Ramalho apontou que a ausência de fiscalização e a falta de conscientização dificultam a implementação de políticas ambientais. “O meio ambiente é como a louça suja: ninguém quer lavar, mas todos querem a louça limpa e guardada”, comparou.
Os engenheiros enfatizaram que o setor precisa de mais investimento e de políticas que incentivem a valorização profissional. “É uma área que só tende a crescer, mas precisamos que empresários e gestores públicos compreendam a importância desse profissional para o desenvolvimento sustentável do estado”, concluiu Formighieri.
