O coronel Reginaldo Vieira de Abreu, que atuou como chefe de gabinete do general da reserva Mario Fernandes na Secretaria-Geral da Presidência da República, se mostrou frustrado, em áudio no âmbito da investigação da Polícia Federal (PF) que mira a organização e o planejamento de um golpe e Estado — com fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tomar uma decisão sobre a efetuação do plano. A conclusão consta no relatório divulgado pela PF na última semana.
Na troca de mensagens com Fernandes, Reginaldo, também conhecido como “Velame”, diz que o ex-presidente, sem citá-lo diretamente, teria que ter “coragem moral” para dizer que desistiu da ação.
“Ele que tenha coragem moral, pelo menos até quinta-feira, falar que não quer mais, né? Pessoal, pelo menos passar o Natal em casa”, afirma num áudio encaminhado no dia 19 de dezembro de 2022.
No trecho anterior da mensagem, Velame também cita que pediu para “o pessoal” ir até a casa do então presidente, mas que ele “nem apareceu”.
“Pô, eu pedi pro pessoal ir lá pra casa do presidente, lotaram, ficaram três horas lá, ele nem apareceu. Deve tá com vergonha, né?”, diz no áudio.
De acordo com a investigação da Polícia Federal, a conversa, datada do final do mês de dezembro de 2022, ocorreu num momento em que ambos estavam frustrados com as Forças Armadas, “que estariam aguardando uma decisão política para atuar”.
O general da reserva Mario Fernandes foi preso na última terça-feira (19), no âmbito da operação Contragolpe. Segundo as investigações, ele teria dado apoio material e financeiro, além de ser o responsável por orientar os participantes das manifestações antidemocráticas em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília.
De acordo com a PF, ele seria o “ponto focal do governo de Jair Bolsonaro com os manifestantes golpistas”.
Com informações da CNN Brasil