Não é apenas uma impressão. Os alimentos considerados básicos estão mesmo mais caros. E para o natalense, esse aumento acumulado de janeiro a agosto de 2021 já chega a 10,73%, segundo maior encarecimento entre as 17 capitais analisadas na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Entre julho e agosto, o aumento em Natal foi de apenas 0,3%, mas no acumulado dos últimos 12 meses, a variação é de 21,11% pra cima. A cesta básica na capital potiguar custa, em média, R$ 508,04 – o quinto menor valor do estudo. Mais barata que em Natal, só em Recife (R$ 491,46), João Pessoa (R$ 490,93), Salvador (R$ 485,44) e Aracaju (R$ 456,40).

Ainda assim, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta em Natal, em agosto, ficou em 101 horas e 37 minutos. Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em agosto, metade (49,93%) do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. As maiores altas foram no café (9,55%) e na banana (18,54%).
“E o problema maior é porque não foi só a alimentação que aumentou. Nosso orçamento encolheu com a soma de vários custos que também subiram, como a energia elétrica e gasolina. Com tudo muito mais caro, nossa renda não está dando para mais nada”, desabafa Suzy de Jesus, contadora e empresária.
O sentimento de Suzy é explicado pelo estudo. O DIEESE estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.583,90, o que corresponde a 5,08 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Em julho, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.518,79, ou 5,02 vezes o piso em vigor.
Cuscuz com ovo
O DIEESE-RN também registra a evolução do preço médio do cuscuz e do ovo em Natal, importantes insumos alimentares presentes nos hábitos nutricionais da população natalense. Em agosto, o custo médio do pacote de 500g do cuscuz foi de R$ 1,97, valor 1,29% superior à média de julho que foi de R$ 1,94. Foi possível constatar para esse item um preço máximo de R$ 2,49 e um valor mínimo de R$ 1,49. O preço da bandeja de ovo com 30 unidades registrou um custo médio de R$ 16,32 em agosto, valor 0,16% superior ao preço de julho que foi de R$ 16,30. Verificou-se um preço máximo de R$ 19,99 e um valor mínimo de R$ 12,99.
Brasil
As maiores altas foram registradas em Campo Grande (3,48%), Belo Horizonte (2,45%) e Brasília (2,10%). As capitais onde o custo apresentou queda foram Aracaju (-6,56%), Curitiba (-3,12%), Fortaleza (-1,88%) e João Pessoa (-0,28%). A cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 664,67), seguida pelas de Florianópolis (R$ 659,00), São Paulo (R$ 650,50) e Rio de Janeiro (R$ 634,18).
Ao comparar agosto de 2020 a agosto de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento. Os percentuais oscilaram entre 11,90%, em Recife, e 34,13%, em Brasília. Nos primeiros oito meses de 2021, 16 capitais acumularam alta, com taxas entre 0,28%, em Goiânia, e 11,12%, em Curitiba.
Natal – números de agosto de 2021
- Valor da cesta: R$ 508,04
- Variação mensal: 0,30%
- Variação no ano de 2021: 10,73%
- Variação em 12 meses: 21,11%
- Produtos com alta de preço médio em relação a julho: banana (18,54%), café (9,55%), farinha (1,67%), leite (1,60%), pão (0,63%) e manteiga (0,24%).
- Produtos com redução de preço médio em relação a julho: açúcar (-2,78%), tomate (- 2,35%), carne (-2,22%), óleo de soja (-1,02%), arroz (-0,57%) e feijão (-0,14%).
- Jornada necessária para comprar a cesta básica: 101 horas e 37 minutos
- Percentual do salário mínimo líquido para compra dos produtos da cesta: 49,93%.