O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou neste sábado 21 sobre o indiciamento de aliados no caso que investiga o uso de uma estrutura paralela da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitoramento ilegal. Ele negou ter participado do esquema e criticou a investigação da Polícia Federal.
“Criaram uma fantasia que [eu estava] monitorando as pessoas. Pra que eu queria saber onde está A, B ou C? Não tem cabimento isso aí. Alguém reclamou de estar sendo monitorado? Não”, afirmou Bolsonaro a jornalistas na saída do hospital DF Star, em Brasília, onde passou por exames médicos.
Entre os indiciados pela PF estão o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem. Embora Bolsonaro não tenha sido formalmente indiciado, a PF afirma que ele tinha conhecimento da existência da estrutura e que não tomou medidas para interromper o funcionamento, além de ter se beneficiado dela.
Segundo a investigação, a estrutura da chamada “Abin paralela” foi montada à margem dos procedimentos legais da agência e utilizava o sistema israelense de geolocalização FirstMile para rastrear a localização de ministros do Supremo Tribunal Federal, deputados e jornalistas, especialmente em 2021.
“Agora, [a ferramenta foi] usada para quê? Com que finalidade? Se quero saber se você está aqui hoje ou não está? Não existe isso. Quando eu queria ter um contato com alguma autoridade, ligava no gabinete dele, sabia onde estava e fazia o contato sem problema nenhum”, declarou Bolsonaro.
“Quem é que usou esse equipamento que se responsabilize por ele”, completou.
O ministro do STF Alexandre de Moraes retirou o sigilo da investigação e divulgou o relatório da PF na quarta-feira 18. Bolsonaro não foi incluído na lista formal de indiciados porque já responde por crime semelhante no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado. A PF informou que, pelo princípio da vedação da dupla incriminação, uma pessoa não pode ser responsabilizada duas vezes pelo mesmo fato.
Segundo o médico Cláudio Birolini, Bolsonaro foi diagnosticado com pneumonia viral. O ex-presidente afirmou que se sente “meio tonto, mas bem”. Na sexta-feira 20, ele cancelou uma agenda em Anápolis (GO) por indisposição.
