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Política

Lula chama Bolsonaro de “tranqueira” e diz que o Brasil está arrumado

Durante lançamento de novo modelo de financiamento imobiliário em São Paulo, presidente afirmou que país “está arrumado” e reclamou das condições herdadas da gestão anterior
Redação
10/10/2025 | 17:13

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou nesta sexta-feira 10 das condições deixadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao lançar o novo modelo de financiamento imobiliário em São Paulo e afirmou que o país “precisa de uma chance”.

“O Brasil está precisando de uma chance. Vocês percebem que as coisas demoram para acontecer no Brasil? Muitas vezes, a gente consegue andar um quilômetro para frente e, quando a gente menos espera, voltamos dois quilômetros para trás. Vocês têm noção da destruição que esse país sofreu nos últimos seis anos? Falta de crédito, de programa, de objetividade”, disse o presidente, incluindo a gestão de Michel Temer (MDB).

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Durante lançamento de financiamento imobiliário em São Paulo, Lula criticou gestão de Bolsonaro e defendeu diálogo com os Estados Unidos. - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula criticou ainda a necessidade de promulgar a PEC da Transição em 2023, que reorganizou o orçamento antes da posse do novo governo. “A gente teve que passar dois anos tentando reconstruir, teve que fazer uma coisa chamada PEC da Transição, que não deve ter no dicionário brasileiro porque não existe, para ter dinheiro para governar. Porque a tranqueira que governava não cuidou disso. E esse país agora está arrumado”, afirmou.

O presidente citou a existência de uma “indústria de jogar desconfiança na sociedade brasileira” sobre dados econômicos e disse que o governo federal trata essas questões com responsabilidade para “não passar a vida inteira respondendo processo”. Lula lembrou ainda que o país saiu do Mapa da Fome da ONU em 2014, mas que a crise econômica e a pandemia aumentaram a insegurança alimentar, e reforçou o pedido por “uma chance”.

Voltado à classe média, Lula criticou a derrubada da medida provisória apelidada de “taxação BBB”, que previa aumento de impostos sobre rendimentos de bancos, fintechs e apostas. “A necessidade de continuar fazendo política de inclusão social é para fazer as pessoas subirem um degrau a mais na escala social e criarmos uma espécie de sociedade de classe média. Mas é nesse país que a gente manda um projeto acordado no Congresso Nacional para que pessoas que ganham mais de 600 mil reais, 1 milhão, paguem uma merrequinha a mais, as fintechs e as bets, e eles votam contra, porque o dinheiro poderia servir para fazer mais política de inclusão”, afirmou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declarou que reformas em curso abrem condições de oportunidade e atração de investimentos, e criticou tentativas de “sabotar o Brasil”.

Lula também comentou sobre moradia popular, afirmando que antes do Minha Casa, Minha Vida a maioria das casas era construída por mutirões, e criticou a situação atual, citando invasões de condomínios. Ao perceber o desconforto do deputado Guilherme Boulos (PSOL) na plateia, o presidente afirmou que os episódios ocorriam por falta de políticas suficientes para moradia.

Sobre relações internacionais, Lula criticou Bolsonaro e filhos e comentou a relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio de tarifas às exportações brasileiras. “Acho que estabeleceu uma relação que nunca deveria ter sido truncada, porque eu nunca tratei presidente de outro país ideologicamente. Quem tem que fazer isso é o povo que o elegeu. Eu não, eu tenho que tratá-lo com respeito de alguém que foi eleito e ele me tratar como alguém que foi eleito e se equipara. O Brasil não tem interesse em brigar com os Estados Unidos”, disse.

Lula afirmou que não tem medo de negociar e que, caso os EUA não queiram comprar produtos brasileiros, o país pode vender para “China, na Ásia, em qualquer país do mundo”. Ele deve viajar à Indonésia na próxima semana e afirmou que não se pode depender economicamente de um país ou do “humor de um presidente”. “No mundo, ninguém respeita quem não se respeita. Se você acha que lamber botas te ajuda, vai cair do cavalo. As pessoas só te respeitam quando percebem que você tem autoridade moral e caráter”, declarou.

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