Vereadores de Natal repudiaram o plano de golpe de Estado no País após as eleições de 2022, envolvendo militares sob o governo Jair Bolsonaro (PL). A Polícia Federal (PF) deflagrou, na terça-feira 19, operação para desarticular a organização criminosa responsável pelo plano, que incluía o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Foi identificada pela PF a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio de Lula e Alckmin. Os criminosos também planejavam restringir o livre exercício do Poder Judiciário. Quatro militares e um policial federal foram presos.
Para o vereador Robério Paulino (Psol), o plano é um escândalo. Ele condenou a ação durante sessão ordinária na terça. “Esse plano recuperado do telefone, apagado, mas recuperado com um programa israelense, do telefone do senhor Mauro Cid, mostra em detalhes o planejamento feito pelo general Heleno, pelo general Braga Neto e os kids pretos, que é um destacamento de elite do exército, para realizar um golpe militar, instituir um grupo de militares, uma junta militar no governo, vejam, assassinando Lula e Alckmin e talvez o ministro Alexandre de Moraes. Isso é um escândalo, que um país que vive uma democracia, que teve eleições, onde a população elegeu por maioria um presidente, os generais se acharem no direito de um golpe militar”, pontuou.
O vereador cobrou uma punição. “Até agora existem quatro desses militares, dos ‘kids pretos’, presos. E olha que interessante, eles fizeram a segurança de presidentes do G20. Esse pessoal que está preso estava fazendo a segurança dos presidentes que vieram para a reunião do G20. Que segurança é essa? Que país é esse que nós estamos vivendo?”, questionou.
“Eu sou filho de um militar honrado. Não tenho nada contra militares, nada. Mas eu tenho contra, sim, militares questão com a cabeça ainda no tempo da ditadura. Espero que não só esses quatro militares que já estão presos, fiquem presos, como o general Heleno, Braga Netto, que foram os cabeças desse plano”, complementou.
Daniel enfatiza memória para evitar repetição de atos autoritários
Já o vereador Daniel Valença (PT) relembrou atos autoritários da ditadura militar, que durou de 1964 a 1985. “Tive a oportunidade de assistir ao filme ‘Ainda Estou Aqui’, sobre a tortura e o assassinato de Rubens Paiva e que mostra como a ditadura atuou fora da lei e sem garantir o básico, como, por exemplo, que os filhos pudessem dispor do momento de se despedir do corpo do pai”, relatou.
Para Daniel Valença, manter a memória em relação à ditadura é importante para evitar a repetição de um novo período. “Não dá para esquecer o que aconteceu. Pelo direito à memória, à verdade, de familiares, amigos e do país, mas, sobretudo, para que quem praticou crimes recebendo salário do Estado, responda, seja punido e preso pelos crimes que praticou. Porque quando isso não acontece, a consequência é essa. É gente que tenta golpe de Estado poucas décadas depois. E, por muito pouco, não dá certo e ainda fica impune. E iam perseguir, torturar mais pessoas como nós”.
E continuou: “Rubens Paiva, por exemplo, de maneira nenhuma estava perto de fazer qualquer luta armada. De maneira alguma. Mas foi preso, torturado. Preso não, foi roubado. Ele não foi preso. Quando você é preso, chega uma ordem de prisão e você se apresenta, vai com a advogada, que daí é outra coisa. Ele foi sequestrado, torturado e morto”.
Assim como Robério, Daniel também cobrou a prisão dos responsáveis pelo plano investigado pela PF. “Então a gente aguarda que a Polícia Federal, o STF, que o Governo Federal tome todas as medidas para que todos os responsáveis por essa tentativa de golpe de Estado sejam presos. Inclusive Bolsonaro. Não dá para fingir que isso aqui não é parte da cúpula de poder, não tem como dizer que essas coisas são aleatórias. É gente golpista, é gente criminosa e tem que ir para a cadeia com urgência”.
Milklei exige punição severa a militares envolvidos
O vereador Milklei Leite (PV) criticou os militares, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Se dizem pátria, família, se dizem corretos, que se dizem de direitos. Olha como está o nosso país, correndo risco. Planejam assassinar o presidente, colocar em risco a soberania do nosso país, tem que ser preso e tem que ser preso todos os marginais que estão também ao lado dele, que planejaram, inclusive Bolsonaro, porque Braga Netto era o braço direito dele”.
Milklei Leite exigiu uma investigação profunda. “Anistia por crime não existe. Tem que ser preso urgentemente e não sair mais da cadeia. Colocar eles para pagar, só em eles pensarem em cometer um crime desses tem que colocar eles para pagar pelo resto da vida”.