09/07/2021 | 12:14
O Papa Francisco, de 84 anos, continua se recuperando após uma cirurgia no intestino grosso no último domingo, e está caminhando e trabalhando nas instalações que ocupa na Policlínica Gemelli, em Roma, segundo o boletim deste sexta-feira divulgado pelo Vaticano. O boletim, no entanto, indica que a alta de Francisco pode não ocorrer dentro do prazo de uma semana inicialmente previsto, ao informar que ele não está bem o suficiente para voltar para a Cidade do Vaticano a tempo da tradicional bênção de domingo ao meio-dia, conhecida como Angelus.
Como O GLOBO revelou ontem, a operação à qual o Papa foi submetido sofreu uma drástica mudança no centro cirúrgico, durante sua realização. Os médicos haviam programado uma cirurgia robótica, técnica sofisticada e pouco invasiva. Poucos minutos depois do início, no entanto, a equipe identificou que o problema — um estreitamento no intestino provocado por diverticulite — era mais grave do que o previsto e tiveram de optar na hora pela operação chamada “a céu aberto”, quando a barriga é cortada.
No domingo, segundo o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, o Papa fará a oração do Angelus da Policlínica Gemelli. Será a primeira vez desde que assumiu o posto, em 2013, que Francisco não estará nessa ocasião na Cidade do Vaticano, exceto quando estava viajando. Antes, havia a especulação entre os jornalistas que cobrem o Vaticano de que a alta poderia ocorrer no sábado à tarde, embora desde a cirurgia os porta-vozes oficiais do Pontífice tenham evitado dar prazos, falando em “cerca de uma semana” de internação.
Na noite da última quarta-feira, o Papa teve febre, mas exames de sangue descartaram infecção, de acordo com o Vaticano. Outras avaliações pulmonares e abdominais, além de um teste microbiológico, tiveram resultados negativos. Nesta sexta, segundo a Santa Sé, ele não tem mais quadro febril.
A diverticulite que levou o Papa a passar pela cirurgia é uma inflamação na parede do intestino grosso que causa espessamento do órgão, que fica mais estreito — o que é chamado de estenose, em linguagem médica. É um problema comum em idosos e que provoca dores ao evacuar. O problema é corrigido com a remoção da parte afetada e a junção das pontas do intestino que ficaram soltas. O Papa teve metade do cólon removido no procedimento, que foi anunciado no próprio domingo passado e, segundo o Vaticano, já estava agendado com antecedência.
Com cerca de três horas de duração, o procedimento foi realizado por uma equipe de 10 pessoas, conduzidas pelo médico Sergio Alfieri. A Policlínica Gemelli tradicionalmente recebe os chefes da Igreja Católica quando precisam de tratamento, e uma parte do seu 10º andar é reservada a eles. Ma esta foi a primeira vez em que o sacerdote argentino Jorge Mario Bergoglio foi internado desde que assumiu como Papa Francisco, em 2013.