14/07/2021 | 16:56
As autoridades australianas prorrogaram a quarentena em Sydney por pelo menos mais 14 dias, depois de três semanas de restrições iniciais falharem em conter o maior surto de Covid-19 na maior cidade da Austrália neste ano, provocado pela variante Delta do coronavírus, detectada pela primeira vez na Índia.
A primeira-ministra do estado de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, disse que as restrições, que deveriam ser suspensas na sexta-feira, permanecerão em vigor até pelo menos 30 de julho, após o registro de 97 novos casos transmitidos localmente, um pequeno aumento em relação ao dia anterior.
— Sempre dói dizer isso, mas precisamos estender as restrições por pelo menos mais duas semanas — disse Berejiklian em Sydney nesta quarta-feira. — Queremos sair dessa quarentena o mais rápido possível e é por isso que tomamos essa decisão.
Desde que o primeiro caso do novo surto foi detectado perto da famosa Praia de Bondi em meados de junho, a quarentena foi prorrogada duas vezes. O total de infecções desde então na cidade portuária de 5 milhões de pessoas agora está em pouco menos de 900, com duas mortes relatadas, uma delas a primeira deste ano no país.
Berejiklian disse repetidamente que a quarentena, em vigor desde 26 de junho, só seria suspensa quando o número de novos casos fosse próximo de zero.
Muitos comércios não essenciais estão fechados, e a maioria dos alunos está ficando em casa, com a circulação nas ruas permitida apenas para atividades essenciais e exercícios.
Quarentenas rápida, rastreamento de contatos e regras rígidas de distanciamento social ajudaram a Austrália a manter os números da pandemia mais baixos do que muitos outros países desenvolvidos, com pouco mais de 31,3 mil casos e 912 mortes no total.
Mas o programa de vacinação do país tem caminhado a passos lentos, com apenas 27% da população tendo recebido ao menos uma dose e menos de 10% totalmente imunizada. Em Nova Gales do Sul, os profissionais de saúde administraram pouco menos de 2,7 milhões de doses da vacina, disseram as autoridades nesta quarta.
Recuperação ‘moderada’
A variante Delta também tem pressionado o sistema de saúde de Portugal. O país notificou mais de 4 mil novos casos de Covid nesta quarta-feira pela primeira vez desde fevereiro, segundo dados oficiais. A maioria dos novos casos pe da variante mais contagiosa, representando 100% das infecções nas regiões de Lisboa e Algarve.
O número de casos tem aumentado de forma constante nas últimas semanas, retornando aos níveis vistos pela última vez quando o país teve que impor uma quarentena estrita no início do ano. Para enfrentar esse novo surto, as autoridades estão gradualmente impondo medidas mais duras, como toque de recolher noturno. A campanha de vacinação também foi acelerada.
O setor de turismo contribuiu com cerca de 15% do PIB antes da pandemia, mas entrou em colapso quase completamente no ano passado. Agora, com a variante Delta se espalhando rapidamente e novas restrições, as empresas estão lutando para salvar a temporada de verão.
As pessoas devem apresentar teste negativo, certificado de vacinação ou comprovante de recuperação para se hospedar nos hotéis. A mesma regra se aplica a restaurantes em áreas de alto risco nas noites de sexta-feira e no fim de semana.
As medidas foram criticadas por hoteleiros e donos de restaurantes em dificuldades. O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, admitiu que as regras levaram a uma “maior asfixia” do setor, mas disse que prefere “assumir os custos políticos dessas reações negativas” do que não permitir que restaurantes e outros negócios funcionem.
A uma comissão parlamentar, Vieira ainda disse nesta quarta que, embora o governo tivesse uma “perspectiva vigorosa para o terceiro trimestre”, a recuperação agora seria “mais moderada”.