O Rio Grande do Norte estará pronto para a campanha de vacinação até o fim da primeira quinzena de janeiro. De acordo com o Governo do Estado, a campanha de imunização vai começar já no dia 20, a depender das licenças da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao todo, serão vacinados 730.381 potiguares.
De acordo com o planejamento divulgado pelo Governo nesta sexta-feira 18, as primeiras três fases do plano de vacinação no RN serão divididas entre grupos prioritários. A primeira vai contemplar 79.638 trabalhadores da Saúde, 133.621 pessoas de 75 anos ou mais e 2.447 indígenas.
Na segunda fase, serão vacinadas 328.236 pessoas de 60 a 74 anos. Já na terceira, devem ser imunizadas 186.439 pessoas com morbidades (diabetes, hipertensão arterial graves, doença pulmonar, cardiovascular e cerebrovascular, além de indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave).
Apesar da meta para vacinação não ter sido definida ainda pelo PNI, acredita-se que com base em campanhas anteriormente definidas esta seja de pelo menos 95% de cada um dos grupos prioritários.
Os demais grupos prioritários serão vacinados nas demais fases. Vale salientar que a estimativa populacional está sendo atualizada pelo Ministério da Saúde para avaliação de qual fase esses grupos estarão inseridos, de acordo com o cenário de disponibilidade de vacinas e estratégias de vacinação.
LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO
O Programa Estadual de Vacinação foi batizado “RN + Vacina” e terá atuação nas oito Regiões de Saúde do Estado, contando com uma Central Estadual de Rede de Frio em Natal e ainda com seis Centrais Regionais, localizadas em João Câmara, São José do Mipibu, Mossoró, Pau dos Ferros, Santa Cruz e Caicó. A partir das Centrais Regionais, será feita a distribuição das doses aos 167 municípios, que totalizam 1.335 salas de vacinação.
MONITORAMENTO
O Governo do Estado afirmou também que toda a logística de distribuição será rigorosamente monitorada, através de um sistema que está sendo feito em parceria com Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), a fim de evitar possíveis perdas e extravios de doses.
“O sistema compreenderá o gerenciamento do estoque das remessas enviadas, a garantia da disponibilidade da 1ª e da 2ª dose do mesmo fabricante para o cidadão, o controle de todas as doses administradas, a prestação de contas para o PNI, e a verificação em tempo real de toda a logística pelos gestores”, afirmou a Subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica, Alessandra Lucchesi.
ZONA NORTE DE NATAL CONCENTRA 32,3% DOS ÓBITOS POR COVID-19
Os bairros da Zona Norte de Natal concentram 32,3% dos óbitos causados pela Covid-19 na capital potiguar. Os três bairros com mais registros de mortes na pandemia são: Potengi, Nossa Senhora da Apresentação e Pajuçara. Apesar da questão demográfica, o fator social também contribuiu para o cenário calamitoso na região, conforme aponta o especialista Ion Andrade, médico epidemiologista e pesquisador.
Isso porque a Zona mais populosa da capital potiguar apresenta altos níveis de vulnerabilidade social e precariedade na infraestrutura urbana, segundo o estudo “Mapa da vulnerabilidade social no município de Natal-RN em nível de setor censitário’’.
Dos sete bairros da Zona Norte da cidade, quatro aparecem na lista das dez localidades com mais registros de óbitos. Todos os dados foram retirados do último e mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Natal (SMS), de 15 de dezembro.
“É preciso considerar que os bairros mais populosos ficam na Zona Norte, portanto isso amarra a estatística. Haverá mais casos e mortes onde há mais gente. Outro ponto é a posição desses bairros em relação aos bairros da classe média, alguns desses bairros da classe média tem muitos casos, mas menos óbitos. Portanto, a Covid-19 tem mostrado uma capacidade de ser mais letal nos bairros de menor renda”, detalhou o epidemiologista Ion Andrade.
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no censo de 2010, revelou que o valor do rendimento médio mensal dos domicílios da Zona Norte de Natal é quase quatro vezes menor que o da Zona Sul, e três vezes menor se comparado com o rendimento dos domicílios do distrito Leste.
“Isso tem sido visto não só aqui, mas no Brasil como um todo. A Covid-19, apesar de atingir a todos universalmente, parece ser mais grave entre a população de menor renda. Ou seja, ela reproduz uma certa injustiça social ou uma dificuldade de acesso aos cuidados. São situações que estão relacionadas com essa ordem diversa”, completou Andrade.
No fim de março, primeiro mês da pandemia no Rio Grande do Norte, dois terços dos casos de Covid-19 (66%) estavam concentrados em bairros das Zonas Leste e Sul (Tirol, Petrópolis e Ponta Negra). Nove meses depois, o Potengi também lidera o ranking dos bairros com mais registros de casos em Natal, seguido por Lagoa Nova e Nossa Senhora da Apresentação.
ÓBITOS POR COVID-19 EM NATAL:
- Potengi (Norte): 89 óbitos
- Nossa Senhora da Apresentação (Norte): 69
- Pajuçara (Norte): 62 – Felipe Camarão (Oeste): 58
- Lagoa Azul (Norte): 54 – Alecrim (Leste): 54
- Lagoa Nova (Sul): 53 – Cidade da Esperança (Oeste): 43
- Quintas (Oeste): 34 – Bom Pastor (Oeste): 34
- Potengi (Norte): 2.370 casos – Lagoa Nova (Sul): 2.233
CASOS DE COVID-19 EM NATAL:
- Nossa Senhora da Apresentação (Norte): 1.729
- Lagoa Azul (Norte): 1.704 – Pajuçara (Norte): 1.667
- Tirol (Leste): 1.496 – Felipe Camarão (Oeste): 1.338
- Candelária (Sul): 1.336 – Pitimbu (Sul): 1.312
- Alecrim (Leste): 1.259