O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tem enfrentado pressões políticas enquanto procura manter uma atuação técnica na gestão da empresa. Recentemente, anunciou um plano de investimento para o quadriênio 2024-28, totalizando US$ 102 bilhões, 31% acima do valor previsto no ano passado. Este plano inclui um investimento em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com o financiamento de 47 projetos que preveem a encomenda interna de 25 navios e o afretamento de 11 outras embarcações.
O Governo Lula tem mostrado reservas em relação a esses projetos, preferindo iniciativas que gerem empregos no curto prazo. Contudo, a Petrobras parece atender aos anseios do desenvolvimentismo estatista do PT, incluindo US$ 16 bilhões destinados a refino. Esse movimento é uma reversão da tendência anterior de privatização de refinarias, visando aumentar a concorrência no mercado brasileiro de combustíveis.
Além disso, a Petrobras retomará investimentos em refinarias como Abreu e Lima e Comperj, anteriormente associadas a casos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato. O governo também espera que a Petrobras apoie um programa de substituição de importações de navios e plataformas em alto-mar.
No aspecto da exploração de petróleo, a Petrobras planeja investir mais de US$ 73 bilhões, com US$ 3,1 bilhões alocados para a controversa prospecção na Margem Equatorial. Paralelamente, a empresa destinará US$ 9,1 bilhões para energia limpa, incluindo US$ 5,2 bilhões em energia eólica e solar, alinhando-se com a estratégia global de transição energética.
Prates também resistiu às pressões para reduzir o preço do combustível. Inicialmente, ele adotou uma nova fórmula de cálculo, desvinculando os preços da paridade com as cotações internacionais. Embora haja uma percepção no governo de que os preços estão altos comparados à queda global do preço do barril, Prates conseguiu convencer o governo da necessidade de manter a fórmula atual.
Em suma, a gestão atual da Petrobras tenta se equilibrar entre atender aos requisitos técnicos e resistir às pressões políticas, mantendo a linha de que decisões como investimentos e preços de combustíveis não devem ser influenciadas por questões políticas ou ideológicas, mas sim baseadas em critérios técnicos. Alinhado como gestor de uma empresa de capital aberto, Prates mantém o entendimento de que deve prestar contas a todos os acionistas, não só ao governo.