Mesmo com os riscos de aumento do número de infectados pela Covid-19 após as festividades de fim de ano, a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) convocou funcionários com comorbidades para retomar o trabalho na última quinta-feira 7. De acordo com os trabalhadores, o chamamento vale enquanto a prefeitura não renovar o decreto de situação de emergência, que dispensa servidores do grupo de risco das atividades presenciais.
O servidor Daniel Calixto, de 55 anos, possui diabetes e estava afastado do trabalho que exerce como auxiliar de serviços correlatos desde o início da pandemia, em março. Hoje ele voltou ao serviço, nas ruas, por determinação da direção de operações da Urbana, ciente de que o trabalhador é do grupo de risco para Covid-19.
“Na segunda-feira o diretor de operações informou verbalmente que a gente teria que voltar, mesmo que a prefeitura não tenha publicado um novo decreto regulamentando essa retomada dos garis e auxiliares com mais de 60 anos e comorbidades. Eu fui trabalhar, porque se não for é falta e descontam do meu salário”, contou ao Agora RN.
O outro servidor anonimamente contou ao jornal Agora RN que também foi convocado pela empresa para retornar ao trabalho. O auxiliar de serviços correlatos, responsável por limpar as ruas, capinar e cortar o mato do meio fio e canteiros centrais, diz que a orientação, dada verbalmente, é que os servidores solicitados voltem às atividades.
“Eu sou uma pessoa com comorbidade, hipertenso, assim como outros colegas, fui obrigado a regressar ao trabalho. Não houve um documento oficial publicado, nem avaliação médica, a direção apenas mandou voltar hoje ao serviço, até que o prefeito renove o decreto. Disseram ainda que esse decreto valia até o ano passado, sendo que a pandemia ainda continua”, lamentou.
Apesar dos relatos dos servidores convocados e o contexto da atual situação da pandemia em Natal, que hoje ultrapassa os mais de 120 mil infectados e três mil mortos, a Urbana argumentou que aguarda a renovação do decreto pela prefeitura e que a Companhia realmente está chamando os funcionários ao serviço, gradualmente, analisando cada caso no setor médico.
O órgão também acrescenta que no setor operacional o quadro é o mesmo do começo da pandemia e que a maioria dos idosos está na sede da empresa, e sim no setor administrativo.
De acordo com o decreto publicado desde 18 de março do ano passado, estão dispensados do expediente presencial os servidores públicos municipais ou empregados públicos municipais gestantes e lactantes, os maiores de 60 anos e os acometidos de comorbidades ou doenças crônicas, cujas atividades não sejam possíveis de serem realizadas remotamente, que compensarão os dias não trabalhados cessada a emergência.
O servidor Daniel Calixto confirmou que não passou por nenhum médico para voltar às atividades e que desde março do ano passado não sai de casa, por isso teme contrair o vírus. “A gente não passou por nenhuma avaliação médica, ainda assim, eu tive que voltar sob pressão. Tenho muito medo de pegar essa doença nas ruas, nos ônibus, que estão sempre lotados. Na pandemia eu fiquei sempre em casa, não fui ao supermercado nem mesmo à praia. Como sou diabético, penso que se contrair essa doença o risco de morrer é muito forte”, pontuou.