Quando Donald Trump se tornou o primeiro presidente a propor formalmente a eliminação do National Endowment for the Arts, o futuro pareceu sombrio para muitos artistas e organizações culturais que se preocupam há muito tempo com as tentativas dos conservadores de fechar a agência federal para o financiamento das artes. Entretanto, o pesadelo que eles temiam nunca foi aprovado. A agência sobreviveu, o orçamento até mesmo cresceu um pouco, não porque Trump tenha desistido de considerá-lo um desperdício do dinheiro federal, mas porque o Congresso, cujo papel de antagonista do ex-presidente só cresceu nos últimos dias de seu mandato, votou para preservá-lo.
Quando Donald Trump se tornou o primeiro presidente a propor formalmente a eliminação do National Endowment for the Arts, o futuro pareceu sombrio para muitos artistas e organizações culturais que se preocupam há muito tempo com as tentativas dos conservadores de fechar a agência federal para o financiamento das artes. Entretanto, o pesadelo que eles temiam nunca foi aprovado. A agência sobreviveu, o orçamento até mesmo cresceu um pouco, não porque Trump tenha desistido de considerá-lo um desperdício do dinheiro federal, mas porque o Congresso, cujo papel de antagonista do ex-presidente só cresceu nos últimos dias de seu mandato, votou para preservá-lo.
Parte do argumento contrário ao fechamento da verba das artes sempre se baseou no fato de que a cultura é um motor econômico e que, como é possível constatar pela atuação das agências federais, a NEA dificilmente pode ser considerada dispendiosa. Seu orçamento de $ 167,5 milhões para 2021 ainda não é mais do que uma única cidade, Nova York, gasta em seus assuntos culturais. O total cresceu de cerca de $ 17 milhões em 2017, mas ainda é absolutamente mínimo em comparação com os orçamentos que alguns países destinam à cultura na Europa, onde o apoio financeiro às artes é considerado uma função do governo. Por exemplo, o Ministério da Cultura da Grã-Bretanha gastou anualmente durante anos mais de US$ 1 bilhão com as artes.
Não obstante, para muitos do mundo da cultura, o valor da verba enquanto símbolo não pode ser subestimado. Criada em 1965, quando o presidente Lyndon Johnson assinou a lei declarando que artes e ciências humanas pertencem a todo o povo, a verba foi determinada na convicção de que as artes têm um papel na saúde espiritual e econômica da nação, e merecem o apoio do governo.
Mas a dotação há muito está na mira dos republicanos como símbolo da excessiva generosidade liberal.. Quando Trump assumiu o poder, os especialistas temeram que ele recomeçasse uma guerra cultural da qual o seu sucessor, Joe Biden, participou há três décadas. O primeiro orçamento de Trump, e todos os sucessivos, propunha a eliminação da verba destinada à agências das artes, bem como a da Dotação Nacional para as Ciências Humanas e para a Corporação das Emissoras Públicas, que financia estações de rádio e televisão públicas em todo o pais.
Trump argumentava que com todas as pressões financeiras que o país sofre, nenhum dinheiro público deveria ir para as artes, e que não cabia ao governo decidir qual seria a arte mais importante. E assim, criou-se um verdadeiro ritual: Trump propunha que se retirasse a verba da agência, e o Congresso votava para que ela fosse restabelecida. Os que faziam lobby em favor da agência citavam alguns legisladores republicanos que davam um apoio particularmente significativo, como a deputada Elise Stefanik de Nova York e as senadoras Lisa Murkowski do Alaska e Susan Collins de Maine.
A deputada Chellie Pingree, democrata de Maine, vice-presidente da Subcomissão de Recursos da Câmara no Interior e co-presidente do cáucus de artes do congresso bipartidário, disse que uma das razões pelas quais a verba sobreviveu foi o amplo alcance dos seus programas. “Este dinheiro acaba chegando até os artistas e as escolas rurais que não poderiam ter um programa de artes”, afirmou em uma entrevista, acrescentando que lutaria para aumentar o orçamento nos anos seguintes.
Os críticos de Trump afirmam que a sua tentativa de acabar com o orçamento foi apenas uma maneira de demonstrar a sua antipatia pelas artes. E citam o fato de ele ter dado Medalhas Nacionais das Artes apenas duas vezes durante o seu mandato, a segunda vez há apenas dois dias, no meio do seu segundo impeachment. Ele também dissolveu o Comitê Presidencial para as Artes e Ciências Humanas depois que os seus membros se demitiram em protesto contra o fato de o organismo ter defendido os nacionalistas brancos após as violentas manifestações em Charlottesville, Virginia, em 2017. (Funcionários da Casa Branca disseram que Trump já havia decidido fechar a comissão.)
A preocupação geral aumentou quando Trump escolheu para chefiar a agência Mary Anne Carter, uma estrategista política republicana com um conhecimento mínimo no campo das artes. Os chefes anteriores da agência foram personalidades com uma atuação muito forte na área, como a atriz Jane Alexander, e Rocco Landesmann, produtor da Broadway. Mas Carter recebeu amplos aplausos da comunidade artística quando defendeu e manteve o trabalho da agência nos anos Trump. A nomeação de um novo vice-presidente sênior para a agência também foi elogiado por levar know-how para ajudar as artes no plano local.
Carter não quis fazer comentários para este artigo. Por meio de uma porta-voz, ela forneceu uma lista de algumas das realizações da agência durante o seu mandato, que incluiu contatos com universidades historicamente destinadas a estudantes pretos a fim de encorajá-las a aplicar verbas; fornecendo bolsas de estudo “para a construção de uma infraestrutura para as artes populares e folclóricas da nação”, e, pela primeira vez, a colocar funcionários em áreas onde ocorreram desastres naturais, como Porto Rico.
O site da dotação disse que durante o mandato de Carter ela “pressionou para que a National Endowment for the Arts se tornasse mais acessível ao povo americano”, citando a expansão de um programa de terapia pelas artes para membros em serviço e veteranos em clínicas e hospitais militares.
O orçamento da agência também cresceu durante o seu mandato. O plano de gastos, fixado em US$ 149,8 milhões em 2017, subiu para 162,3 milhões em 2020, e no mesmo ano canalizou mais US$ 75 milhões em fundos de estímulo federais para grupos de arte. Em 2016, a agência financiou cerca de 2.500 bolsas. Em 2020, as bolsas chegaram a 3.300, incluindo o estímulo de emergência federal que foi encarregado de conceder, em mais de 16 mil comunidades.
Outra preocupação entre os defensores mais antigos da agência de artes era que, se a verba sobrevivesse, seria reformulada a fim de apoiar uma agenda conservadora. Mas especialistas deste campo afirmaram que não detectaram nenhum eles, continuou distribuindo bolsas para cada distrito do Congresso em toda a nação, uma decisão consciente destinada a indicar que não existe qualquer tendência partidária em suas alocações.