O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca nesta sexta-feira 17. O encontro, que durou duas horas e meia, terminou sem pronunciamento à imprensa.
Trump viajou para a Flórida logo após a reunião, mas publicou mensagem em sua rede social afirmando que “o encontro com o presidente Volodymyr Zelensky da Ucrânia foi muito interessante e cordial, mas eu disse a ele, como também sugeri fortemente ao presidente Putin, que é hora de parar com a matança e fazer um ACORDO! Eles deviam parar onde estão. Deixem que os dois reivindiquem vitória, deixa a História decidir”.

Zelensky classificou a reunião como “produtiva” e afirmou que os líderes trataram de “vários assuntos e de armamentos, incluindo as defesas aéreas da Ucrânia”, sem detalhar se houve concessão de mísseis por parte dos Estados Unidos. “Confiamos nos Estados Unidos. Confiamos que o presidente quer acabar com esta guerra”, disse o ucraniano, acrescentando que “a Rússia tem muito medo dos [mísseis] Tomahawks”.
O encontro foi o terceiro entre os dois líderes em Washington desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Zelensky vem solicitando a venda de mísseis Tomahawk para Kiev, armamento de longo alcance que permitiria ataques mais distantes no território russo. Trump foi evasivo ao comentar o tema: “Esse é o problema. Nós precisamos dos Tomahawks. É uma escalada [da guerra], nós discutiremos isso. Nós gostaríamos muito mais de que eles não precisassem dos Tomahawks”.
Questionado sobre a possibilidade de a Ucrânia ceder territórios à Rússia em troca da paz, Trump respondeu: “Nunca se sabe. A guerra é muito interessante. Nunca se sabe”.
Durante o almoço que antecedeu a reunião, Trump elogiou Zelensky, afirmando ser “uma honra estar com um líder muito forte, um homem que passou por muita coisa e um homem que conheci muito bem, e nos demos muito bem”. Segundo um membro da delegação ucraniana ouvido pela agência AFP, Zelensky apresentou mapas com possíveis alvos para ataques em território russo usando mísseis de longo alcance.
Após o encontro, Zelensky falou por telefone com líderes europeus. A relação entre os dois presidentes passou por tensões neste ano, especialmente após a reunião de fevereiro, que terminou com troca de acusações. Apesar de manter contato com o presidente russo, Vladimir Putin, e tê-lo recebido no Alasca, Trump alterou o tom em relação à Ucrânia nas últimas semanas, chegando a defender a recuperação dos territórios perdidos por Kiev.
Na quinta-feira (16), Trump conversou com Putin por telefone. Em sua rede Truth Social, disse que “acabou de concluir minha conversa telefônica com o presidente Vladimir Putin, da Rússia, e foi muito produtiva. O presidente parabenizou a mim e aos Estados Unidos pela grande conquista da paz no Oriente Médio (…) e passamos bastante tempo conversando sobre o comércio entre a Rússia e os Estados Unidos após o fim da guerra com a Ucrânia. (…) Acredito que a conversa telefônica de hoje tenha sido um grande progresso”.
O enviado especial de Putin, Kirill Dmitriev, afirmou que o telefonema foi “produtivo e positivo, e definiu os próximos passos das negociações claramente”. A Casa Branca informou que a ligação durou mais de duas horas e que Trump ainda acredita ser possível reunir os presidentes russo e ucraniano.
O compromisso de pôr fim às guerras na Ucrânia e em Gaza foi uma das promessas centrais da campanha de Trump em 2024. Até o momento, porém, o governo americano não obteve avanços concretos nas negociações de paz com Moscou.